Investigadores russos disseram nesta quarta-feira ter encontrado drogas a bordo do barco do Greenpeace, usado em um protesto contra a exploração de petróleo no Ártico, e alegaram que vão fazer novas acusações contra as 30 pessoas mantidas em detenção por suposta pirataria.

O Greenpeace da Rússia ironizou a acusação. “A comissão de investigação ‘encontrou’ narcóticos. Esperamos ainda que encontrem uma bomba atômica e um elefante listrado”, disse uma publicação na conta da organização no Twitter. “Isso é possível na Rússia dos dias de hoje e dificilmente seria surpresa para alguém.”

Além das drogas, a comissão de investigação disse que nas buscas no barco Arctic Sunrise, confiscado pela guarda-costeira russa após o protesto de 18 de setembro na plataforma de petróleo Prirazlomnaya, encontraram equipamento que pode ser de uso militar.

A comissão também disse que os investigadores tentavam descobrir qual dos detidos é responsável pelo que chamaram uma tentativa de colisão com os barcos da guarda-costeira, colocando em perigo a vida dos tripulantes.

“Tendo em vista os dados obtidos enquanto a investigação é conduzida, acusações… devem ser ajustadas”, disse a comissão. Eles disseram ainda que “alguns detidos receberão acusações por outros crimes graves”.

A Rússia prendeu os 28 ativistas, incluindo a brasileira Ana Paula Alminhana Maciel, e dois jornalistas freelancers que estavam a bordo do barco de bandeira holandesa do Greenpeace durante o protesto e processou a todos por pirataria, cuja pena pode chegar até 15 anos de prisão.

A comissão de investigação disse que morfina e talos de papoula, usado como ingrediente na fabricação de heroína e ópio, foram encontrados no barco.

O advogado do Greenpeace Alexander Mukhortov disse que o capitão norte-americano do barco guardava morfina em seu cofre legalmente por motivos médicos e que o equipamento citado pelos investigadores se trata de um sonar extensamente usado em expedições marítimas.