Vinte anos depois de ajudar a organizar o primeiro campeonato oficial da história de MMA e dar origem à maior organização do mundo, a família Gracie vê neste sábado a de mais um membro no UFC: Roger Gracie debuta entre os médios, contra Tim Kennedy, duas lutas antes da principal, entre Anderson Silva e Chris Weidman.

Em 1993, o lendário Royce brilhou logo na primeira edição do UFC ao conquista-lá chocando a todos com vitórias sobre lutadores muito mais pesados usando apenas o jogo de chão e as imobilizações do jiu-jitsu.

Venceu ainda nas edições números dois e quatro do UFC, quando o método de competição era por torneio e confrontos eliminatórios. Só não conquistou a de número de três porque machucou o olho em uma luta que venceu e não pôde fazer o duelo semifinal.

Os logros de Royce deram à família o respaldo que desejava no mundo das artes marciais: mostrar que o jiu-jitsu era superior e poderia superar as outras. Êxito nos planos.

Mas, depois das quatro primeiras edições, a família Gracie viu alguns fiascos no UFC, inclusive com uma volta frustrada e decepcionante do mito Royce, único brasileiro no hall da fama da organização. Ele voltou a lutar em 2006 e foi nocauteado por Matt Hughes. Outros dois representantes também falharam.

Rolles Gracie entrou no octógono em 2009 e também sofreu o nocaute. Não voltou mais. Renzo, com 46 anos, tem situação curiosa e mantém contrato até hoje com a entidade, mas nunca é escalado para combates.

Foi nocauteado por Hughes, mesmo algoz de Royce, no UFC 112, em Abu Dabi, no dia 10 de abril de 2010. Foi a última aparição da família na competição que participou da fundação.
As derrotas, no entanto, estão longe de arranhar a imagem e moral. “Se não fosse pela família Gracie, nenhum de nós estaríamos aqui, esse evento nunca existiria. É sempre divertido ter um Gracie no octógono”, falou o chefão do UFC, Dana White.

Agora é a vez de Roger, 31 anos, fazer sua estreia e tentar quebrar o jejum de três derrotas da família. Como não poderia deixar de ser, chega com o jiu-jitsu como seu chefe. Tem mais de dez títulos mundiais na modalidade entre diferentes faixas e pesos. Ele é neto do grão-mestre Carlos Gracie e filho de Reyla Gracie.

A estreia no UFC não significa falta de experiência nas artes marciais. Roger era lutador do extinto evento Strikeforce, adquirido este ano pelos dólares de Dana White. Vem de duas vitórias seguidas na última organização que defendeu e tem no cartel seis vitórias e uma derrota desde sua estreia nas artes marciais mistas, em 2006.

A qualidade na luta pelo chão é inquestionável não só por seu currículo no jiu-jitsu, mas pelo próprio MMA: cinco vitórias por finalizações. Quer mostrar respeito na luta pelo alto e melhor preparo do que os últimos membros da família que passaram pelo octógono e acabaram nocauteados.

Passou a fazer seus treinamentos na conhecida equipe Black House, em Los Angeles, que tem em Rafael Cordeiro o principal técnico.

Roger não foge à responsabilidade de carregar o pesado nome nas costas neste sábado. Sabe da pressão e expectativa que o cercam no duelo contra Tim Kennedy, pelos médios.

“É claro que é um grande negócio para a família. O UFC foi criado por um de nós, e temos gerações e gerações de tradição e somos parte de tudo isso. Portanto, é um grande negócio e que traz o nome Gracie novamente. E isso é um trabalho duro. Mas eu sou um Gracie, eu represento a família Gracie cada vez que eu lutar, e é o meu trabalho para fazer o meu melhor para me certificar de que manter o legado”, falou.