Apenas um em cada dez candidatos que se inscreveram no IX Exame de Ordem, conquistaram o direito de advogar. Longe de se assustar com o número, Marcos Vinicius Coelho, presidente do Conselho Federal da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), afirma que esse número “representa a realidade” dos cursos e dos estudantes de Direito no país.

A atual de edição do Exame reprovou 89,7% dos participantes, em números absolutos, dos 114.763 candidatos, somente 11.820 serem aprovados. Esse é o maior percentual de reprovados, desde que a prova foi unificada.

De acordo com Coelho, três motivos explicariam esses números: A “péssima” qualidade da maiorias das faculdades; A “repetência acumulada”, muitos candidatos reprovam várias vezes; A possibilidade de alunos que ainda estão na graduação prestarem a prova.

“As boas universidades apresentam bons índices de aprovação, na primeira tentativa, 70% dos seus alunos são aprovados e, na segunda ou terceira, todos os alunos passam. Isso prova que o problema está na formação e não no Exame”, avalia o presidente.

Por sua vez, o professor Darlan Barroso, do Complexo Damásio de Jesus, considera que o alto número de reprovado é resultado da aplicação de “prova atípica”. Ele dá como o exemplo o fato de alunos que faziam 38/39 pontos, no último exame foram para 33/34. “Nitidamente, a prova estava mais difícil”, observa.

Especialista no Exame, o professor de Direito Penal, Rodrigo Bello, concorda que alto índice de reprovação não é ‘culpa’ da OAB e aponta dos motivos para o insucesso dos candidatos. “As faculdades não ensinam e muitos alunos não estudam o suficiente. A prova é muito difícil, por isso, exigem uma preparação que boa parte dos cursos não oferece para os seus estudantes”, revela.

Na visão de Bello, a visão da OAB é deixar a seleção com o mesmo nível de dificuldade dos concursos públicos. “Não vejo isso como um problema, sou totalmente a favor do exame. O bacharel tem que se adaptar a essa cobrança”, diz.

Também a respeito da dificuldade, o presidente da OAB esclarece que a orientação dada a FGV (Fundação Getúlio Vargas), entidade que elabora a prova, é que seja mantida o mesmo nível de dificuldade em todos as edições. Segundo ele, há uma comissão da Ordem, formada por especialistas, que verifica a organização e “qualidade” das questões e da correção.

Barroso, no entanto, acredita que as últimas provas foram extremamente legalistas”, e não valorizaram a habilidade relacionar a teoria com a prática. “Não acredito que esse deve ser o foco para verificação aptidão para o exercício da advocacia. Precisamos de profissionais capacitados a resolver problemas com a inteligência e não apenas decorando artigos da lei”, pondera.