Repórter esportivo conhece filho goleiro aos 30 anos em jogo entre servidores de MS

O jornalista sabia que tinha um filho, mas nunca havia encontrado o rapaz, que é soldado no Corpo de Bombeiros e foi apresentado ao pai, que cobria uma partida de futebol, pela mãe. A família toda deve se reunir neste domingo (24)

O pai, um experiente jornalista esportivo. O filho, cabo do Corpo de Bombeiros e goleiro do time da corporação. O pai sabe que teve um filho há muitos anos, mas não tem ideia de onde ele esteja. O filho sabe quem é o pai mas, achando que ele não quer saber do vínculo, nunca o procurou.

A história tinha tudo para continuar como estava, cada um de um lado, sem saber ‘exatamente’ da existência do outro. Mas, como dizem, o que é para ser: é. E o destino traçou o encontro dos dois. Em um domingo de jogo, o pai, Arlindo Florentino, foi cobrir a partida de futebol como milhares de outras em sua carreira de repórter esportivo.

Eli, então, foi procurar o jornalista e contar da existência do filho. “Minha mãe foi atrás dele”, conta Thiago Kalunga, 30 anos.

Quando Eli foi procurar Arlindo, ele estava terminando uma entrevista. Ela então sentou e aguardou. Assim que ele acabou, foi direto falar com o jornalista e, antes mesmo de se apresentar e dizer quem era, começou a contar que estava ali para ver o filho, Thiago, jogar, que ele era o goleiro do time.

“Quando ela começou a falar reconheci aquela mulher com quem tive um relacionamento há muitos anos. E fiquei imaginando que Thiago pudesse ser o marido. Mas, conforme a conversa evoluiu entendi que se tratava do filho dela, do nosso filho. Fiquei muito emocionado”, conta Arlindo, lembrando que a mulher achou que ele fosse ter um ataque ali.

“Na mesma hora, eu falei que queria conhecê-lo e fomos falar com ele”, conta. Antes mesmo de o filho dizer qualquer coisa, Arlindo fala que o abraçou e pediu desculpas por nunca o ter procurado, pois não tinha a menor ideia que ele estava ali, tão perto.

Thiago conta que ficou desconfiado e, apesar de ter parado para ouvir o pai, não acreditou de início que as desculpas eram sinceras. “Eu vi que ele estava muito emocionado, mas eu estava arredio. Eu sempre achei que ele soubesse da minha existência, mas não queria saber de mim”, conta, afirmando que os sentimentos ainda são confusos.

Neste momento, a emoção tomou conta de todos. A mulher de Thiago, a sogra, uma amiga, a mãe, todos que estavam perto não se contiveram, e a lágrima escorreu do rosto de cada um.

Thiago revela que, apesar de ter visto a emoção de todos, ainda ficou cabreiro e perguntou: “você não sabia mesmo?”. O pai, emocionado, conta que disse que não, e o sentimento na hora não poderia ser confundido. “Senti que ele acreditou em mim, porque minha emoção foi muito forte, era muito sincero”, diz.

“Emoção não se finge”, completa o filho, lembrando que depois conversou muito com a esposa e com a mãe e se convenceu de que em um momento como aquele não há como passar algo que não seja verdadeiro.

Desde então, os dois estão se conhecendo. Aprendendo a se respeitar. E as semelhanças entre eles já aparecem.Thiago diz com orgulho que é goleiro como o pai foi na juventude. Mostra o nariz de italiano nos traços afrodescendentes da mãe. E conta que eles têm muita semelhança, apesar de eu dizer que só vejo o nariz. “Somos muito parecidos. Todo mundo diz”, repete.

O pai, cheio de orgulho, conta que ganhou mais um filho. E que o amor por ele já é igual a dos outros cinco. “Filho é filho e o sentimento é igual”, afirma.

Família cresceu

De família pequena, Thiago comemora o crescimento repentino. “Ganhei cinco irmãos, uma sobrinha e um monte de primos. Tenho até uma prima com quem estudei durante três anos no Colégio Dom Bosco”, revela.

Os parentes o acolheram de braços abertos. “Assim que o pessoal soube da nossa história, já começou a me procurar no Facebook. Ganhei parentes no Brasil inteiro. Tem uns que até já me convidaram para ir visitá-los”, diz. “O bom é que agora não vou mais gastar com hospedagem”, brinca.

Ele ainda conta que já conheceu uma irmã e que, com os demais, já têm encontro marcado, na final do campeonato que os uniu. “Neste domingo, devo conhecer todos eles na final”, revela.

O pai, acostumado a contar história, e não ter a sua contada diz: “Pela primeira vez tenho o emocional se fundindo com o profissional”.

Se for depender da força da história dos dois, já sabemos quem são os vencedores. O time do Corpo dos Bombeiros entra em campo como nunca, buscando o troféu do reencontro do filho e do pai que ficaram 30 anos afastados.