Reeleição no Equador pode ‘favorecer Brasil e Mercosul’

A provável reeleição do presidente do Equador, Rafael Correa, nas eleições deste domingo, é vista pelo governo brasileiro como um passo importante para o fortalecimento do Mercosul, segundo especialistas ouvidos pela BBC Brasil. A permanência de Correa no poder também poderia abrir caminho para os negócios das grandes construtoras brasileiras no país andino. Com uma […]

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A provável reeleição do presidente do Equador, Rafael Correa, nas eleições deste domingo, é vista pelo governo brasileiro como um passo importante para o fortalecimento do Mercosul, segundo especialistas ouvidos pela BBC Brasil.

A permanência de Correa no poder também poderia abrir caminho para os negócios das grandes construtoras brasileiras no país andino.

Com uma oposição desarticulada, Correa poderá garantir sua reeleição ainda no primeiro turno. A redução de 27% dos índices de pobreza desde 2006 e a ampliação do gasto público com programas sociais – na esteira da alta dos preços do petróleo – são os principais pilares de sustentação de seu governo.

Esse cenário fez o presidente equatoriano atingir quase 70% de popularidade.

Para o historiador Francisco Carlos Teixeira, pesquisador do Instituto de Relações Internacionais de La Plata e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o processo de entrada do Equador no Mercosul amplia as perspectivas brasileiras de expansão comercial e geopolítica na América do Sul.

“O governo brasileiro tem grande interesse na vitória do Correa para manter o projeto de integração sul-americana”, afirmou à BBC Brasil. Para ele, o convite ao Equador para adesão ao bloco, cuja pauta de importações está orientada na compra bens industriais e serviços, é uma boa notícia para os empresários brasileiros.

‘Ponto de equilíbrio’

A presença da Venezuela no bloco e a iminente entrada do Equador serviriam como “ponto de equilíbrio”.

“Até então, Brasil e Argentina vêm dançando um tango entre tapas e beijos (em referência a acusações mútuas de protecionismo). Ter outros países com peso (no bloco) melhora a gestão e a administração do Mercosul”, afirmou Teixeira.

A articulação brasileira para favorecer o ingresso do Equador no Mercosul também é vista por analistas como uma tentativa da diplomacia brasileira de barrar a influência da chamada Aliança do Pacífico – que une México, Colômbia, Peru e Chile -, tida como um potencial rival de influência americana à integração da América do Sul.

Segundo Teixeira, esses países têm em comum a afinidade com as políticas americanas, além do elo econômico selado por tratados bilaterais de livre comércio.

O analista político Marco Romero, diretor do centro de Estudos Internacionais da Universidade Andina Simón Bolívar, disse acreditar na possibilidade de uma nova “ofensiva” diplomática brasileira nos próximos anos.

Segundo ele, o Brasil quer contar com o Equador como aliado no Pacífico com o objetivo de manter uma correlação de forças favorável.

Mas o potencial ingresso do Equador no Mercosul é visto com desconfiança pelos empresários equatorianos e não é categorizado pelo setor como uma prioridade.

“Devemos orientar-nos primeiro para fortalecer nossos mercados tradicionais, como é o caso de Estados Unidos e Europa, e depois o Mercosul”, afirmou Franklin Hidrobo Estrada, presidente da Câmara de Comércio Equatoriana Brasileira.

Para Estrada, o ingresso de Equador no Mercosul representa “interesses políticos, não comerciais”. “O Mercosul está em terceiro lugar entre as prioridades de nossos sócios.”

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