Não adianta de nada um edifício ou imóvel com muitas pessoas ter extintor, saída de emergência, hidrantes, porta corta-fogo, área de evacuação e diversos equipamentos de combate a incêndio e primeiros socorros, se as pessoas não sabem utilizá-los.

É pensando nisso, que começou a ser discutida a idéia do ‘bombeiro civil’ ou o ‘brigadista de incêndio’, sendo depois criada a Lei Municipal 5.167/12, que entrou em vigor em 28 de dezembro de 2012 e torna obrigatória a presença de uma brigada de incêndio nestes locais, inclusive sob pena de multa para aqueles prédios que não estiverem preparados.

A principal intenção, de acordo com os bombeiros, é evitar grandes tragédias como o que ocorreu recentemente no comércio Paulistão, em . Na ocasião, como havia muitos objetos inflamáveis, o fogo se alastrou em pouco tempo e os funcionários, que chegaram por volta das 7h30 para o início do expediente, bem como o proprietário, apenas acionaram o Corpo de Bombeiros. Mesmo com extintores, eles nada fizeram.

“Não que eles iriam resolver o problema, mas evitariam com certeza mais prejuízo. O que um brigadista voluntário faz em cinco minutos, logo no início do incêndio, o bombeiro vai demorar ao menos cinco horas para conter depois que as chamas se alastraram”, diz um bombeiro da Capital que há oito anos trabalha na Corporação.

No Edifício Leonardo da Vinci, a falta de experiência dos moradores prejudicou ainda mais a tragédia

Com mais de duas décadas de experiência no combate a intempéries, o coronel Joilson De Paula também citou como exemplo a tragédia que ocorreu no Edifício Leonardo da Vinci, no dia 2 de outubro de 2011. Naquela madrugada, o publicitário e portador de necessidades especiais Giovanni Sérgio Dolabani Leite, 24 anos, morreu intoxicado. Ele residia no 9° andar e faleceu duas horas após o início das chamas.

“Se houvesse uma brigada naquele prédio, com certeza eles teriam mantido fechadas as portas corta-incêndio, além de terem utilizado as mangueiras, os hidrantes de parede e coordenado a retirada das pessoas, inclusive com placas indicativas dos locais de evacuação. Mas, ao contrário, eles abriram todas as portas, o que facilitou a propagação do fogo e a intoxicação”, explica ao Midiamax o coronel De Paula.

Paralelo ao trabalho diário dos bombeiros, o coronel conta que existem ainda as fiscalizações diárias em edifícios, de acordo com a demanda. “Acredito que as vistorias da nova lei deverão ocorrer após um convênio entre a prefeitura e o governo do Estado, principalmente porque poderá haver multa e não temos previsão legal para o fato envolve custo de combustível, pessoal e ainda o uso de viaturas”, comenta o coronel.

Além disso, ele fala que serão necessários o uso de viaturas, combustíveis e servidores. “Logo após a notificação, com certeza haverá um prazo de adequação que varia de 30 a 90 dias. O fato pode gerar até interdição no local. Mas o melhor nisso tudo é que a lei pretende minimizar danos ou óbitos em casos de grandes vultos”, avalia o coronel.

de Campo Grande conta com mini Corpo de Bombeiros e jamais passou por um sinistro

Na Capital, como exemplo de um local que compreende centenas de lojistas e nunca passou por um sinistro, temos o Shopping de Campo Grande, próximo a passar pelo seu 24° aniversário.

”Temos um equipe de nove profissionais que seriam ex-bombeiros e passam por treinamento constante, além dos socorristas enfermeiros. Eles fazem a vigilância 24 horas ao dia, divididos em três turnos. Além disso contamos com centenas de câmeras vistoriando qualquer movimento estranho no local”, afirma o Coronel Diógenes Nogueira, que há 18 anos está a frente das vistorias no local.

O trabalho é extenso, varia desde a fiscalização dos extintores até as redes de pressurizador, passando pela recarga dos equipamentos e vistorias nas obras. “Próximo ao horário do almoço, deslocamos um profissional somente para ficar próximo as cozinhas. Ele fica com um sensor de gás que capta qualquer fumaça antes de culminar em uma possível explosão”, conclui o supervisor da brigada, José de Araújo Feitosa.