Pessoas atrasadas podem ter déficit de atenção ou ser apenas folgadas

Eles são incapazes de chegar pontualmente a um compromisso ou cumprir prazos. Tudo parece complicado: de um almoço com amigos à entrega de um relatório para o chefe na data combinada. A simpatia e a fama de atrapalhado costuma salvar o atrasado de situações difíceis, mas irrita amigos, colegas, familiares e torna a vida da […]

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Eles são incapazes de chegar pontualmente a um compromisso ou cumprir prazos. Tudo parece complicado: de um almoço com amigos à entrega de um relatório para o chefe na data combinada. A simpatia e a fama de atrapalhado costuma salvar o atrasado de situações difíceis, mas irrita amigos, colegas, familiares e torna a vida da própria pessoa que não consegue ser pontual bem mais difícil.

Para a psicóloga Cristiane Moraes Pertusi, doutora em psicologia do desenvolvimento humano pela USP (Universidade de São Paulo), geralmente, são pessoas que têm dificuldade em se organizar, elaborar prioridades e seguir rotinas e compromissos. Um comportamento que, na maioria das vezes, começou a ser estabelecido ainda na infância.

“Não é possível afirmar que todos os casos tenham a mesma origem, mas podemos observar que pessoas que costumam se atrasar frequentemente têm características mais emocionais e uma percepção do tempo menos racional e objetiva”, explica.

Segundo a psicóloga e psicodramatista Miriam Barros, essa incômoda característica, normalmente, é um hábito criado ao longo da vida e que vai se repetindo. “E se até o momento ele não causou grandes problemas, a tendência é não acontecer uma mudança de comportamento”, diz ela.

São pessoas que acabam deixando as tarefas para a última hora, confiando que tudo dará certo. “Otimistas, consideram que conseguem resolver as coisas rapidamente. Costumam ter agilidade mental e contam com essa facilidade”, afirma. Porém, também são pessoas mais autocentradas e egoístas, não conseguindo perceber o lado das outras pessoas, que acabam sofrendo com os atrasos constantes.

E a falta de educação –literalmente– é algo que também não pode ser descartado. Como diz Marina Vasconcellos, psicóloga pela PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) e especializada em psicodrama terapêutico, não se pode esquecer que existem os folgados por natureza. São pessoas que não aprenderam algo básico: a consideração por outras pessoas.

Se os pais foram condescendentes com os atrasos nos primeiros anos, a tendência é que o comportamento siga vida afora. Ou até que ocorra uma perda significativa que faça o “atrasadinho” mudar a maneira de agir.

Déficit de atenção

Há outro aspecto que também deve ser analisado: a incapacidade de manter horários e estabelecer prioridades também pode estar ligada ao déficit de atenção.

“A pessoa não consegue se organizar dentro do tempo. Quando percebe, já perdeu a hora. Não consegue ler um livro, por exemplo, pois na segunda página, já esqueceu o que leu na primeira. Qualquer coisa desvia a atenção. Tem vários interesses e costuma ser extremamente criativa, o cérebro não para”, explica Marina Vasconcellos.

Para saber se uma pessoa sofre ou não o déficit de atenção, é necessário fazer uma avaliação neuropsicológica. Nesse caso, o tratamento é medicamentoso. Descartada essa possibilidade, resta a reeducação. “O que acontece é que as pessoas são muito tolerantes com quem se atrasa. Aí, ela se afunda cada vez mais”, diz Miriam Barros.

Para se livrar dessa característica, o conselho é se organizar. É um esforço que a pessoa precisará fazer se realmente deseja mudar de comportamento, diz Miriam Barros. Veja atitudes simples podem ajudar no cumprimento de horários e tarefas:

1. Faça uma lista das atividades nas quais sempre se atrasa e comece, pelo menos por uma delas, a se organizar e cumprir o horário ou prazo. Depois, tente se organizar nas outras atividades da lista. Uma de cada vez;

2. Programe-se e avalie se você realmente terá tempo de executar todas as tarefas que pretende em um único dia. Considere que se o compromisso é do outro lado da cidade você precisará tem tempo para chegar lá. Aliás, condicione-se a sair com mais antecedência de casa.

3. Sempre reveja os horários. Na correria, você pode acabar confundindo os tempos marcados. Para isso, crie o hábito de utilizar uma agenda (e não adianta deixá-la jogada em uma gaveta);

4. Coloque-se no lugar das outras pessoas que estão esperando por você ou aguardando o cumprimento de uma tarefa.

5. Faça um esforço para mudar o comportamento. Estar constantemente atrasado pode trazer perdas sérias, pessoais e profissionais. Portanto, vale a pena tentar se reorganizar.

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