Paciente da Unimed aguarda uma semana por cirurgia na Santa Casa e tem que ser transferido

O paciente da Unimed, Renato Javaez, ficou uma semana aguardando por cirurgia ortopédica na Santa Casa e teve que ser transferido para o Hospital Miguel Couto para colocar o braço no lugar. O impasse teve início na quinta-feira (31), quando ele fraturou um osso do braço e foi levado pelo Samu à Santa Casa, que […]

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O paciente da Unimed, Renato Javaez, ficou uma semana aguardando por cirurgia ortopédica na Santa Casa e teve que ser transferido para o Hospital Miguel Couto para colocar o braço no lugar. O impasse teve início na quinta-feira (31), quando ele fraturou um osso do braço e foi levado pelo Samu à Santa Casa, que é referência em ortopedia. Segundo Renato, médicos se recusaram a fazer a cirurgi , sob alegação de que não são cooperados e por isso não recebem nada pelo procedimento cirurgico.

Renato contou que deu entrada na Santa Casa por volta das 19h de quinta-feira e foi encaminhado para o gesso. De lá encaminharam ele para dar entrada no SUS, dizendo que esperasse, pois algumas pessoas iam passar na frente devido a emergências.

“Na sexta-feira de manhã vi que um monte de gente passava na minha frente, mas até ai tudo bem. À noite achei estranho, porque um cara na mesma situação que eu, com uma fratura no dedo, que não era exposta, passou e eu fiquei. Nessa hora encontrei um conhecido meu que descobriu que eu era o 5º da lista”, disse Renato.

Ele contou que estava desde quinta-feira em dieta zero, sem comer e beber água. Na sexta-feira, à noite o médico liberou a dieta dele. “Achei estranho e não comi. Já estava em pânico. Pensei que iam passar outra pessoa na minha frente usando a desculpa de eu não estar em jejum”, declarou.

No sábado de manhã, Renato ficou sabendo que era o primeiro da lista. Contudo, outros pacientes foram levados e ele continuou na sala em ‘L’ no pré-operatório. Ele disse que solicitou medicamento para dor por conta do braço e que ela apurasse porque ele ainda não tinha sido operado.

Quando foi 20h, a esposa de Renato chegou. Pouco tempo depois, o casal relata que um médico, chamado Nedson Nunes Costa, apareceu perguntando quem estava com dor e ao saber que era Renato, questionou o que ele estaria fazendo no Hospital.

“Ele falou pra mim: sinto lhe informar, mas você não vai ser atendido aqui. Você tem Unimed, vai para casa se quiser. Aqui tem 10 ortopedistas e nenhum deles vai te operar porque não recebe nada pela Unimed. Só vão te operar se um conveniado vier, você não é prioridade”, contou Renato.

Depois que ele saiu, a esposa dele entrou em contato com amigos e conseguiram localizar um médico. “Eu já estava nervoso por causa da dor, porque estava sem comer, nem banho me deixaram tomar porque disseram que não tinha roupa. Além disso, cada vez que eu ia ao banheiro ou precisava mexer o braço o osso saia do lugar. Eu chorava de dor. Minha esposa veio sábado a noite e eu só tomei banho no domingo. Além disso, porque não me avisaram antes, como eu ia arrumar um médico no sábado a noite?”, declarou.

Auto- internação

“Quando conseguimos encontrar um médico, ele pediu minha internação. Foi mais uma novela. A enfermeira me levou para o Prontomed e disse que alguém já ia aparecer para me levar para o quarto. Um enfermeiro apareceu uma hora depois e eu pedi que ele verificasse se o quarto já estava disponível. Ele voltou espantado, dizendo que em 6 anos de serviço nunca tinha visto ninguém se auto-internar”, disse Renato.

Ele contou que teve que acordar a mãe, que é uma senhora de idade para ir as 1h30 da madrugada levar os documentos. “Só depois que fui internado as coisas melhoram. Trocaram meu gesso e o braço parou de sair do lugar. Fui medicado e consegui dormir. A dor era tanta que parecia que o osso mastigava algum pedaço de carne, encavalando no outro pedaço de osso quebrado”, recordou.

Médico

A reportagem entrou em contato com o médico ortopedista, Nedson Nunes. Segundo ele, os médicos não cooperados que trabalham na Santa Casa decidiram no final do ano passado parar de fazer a cirurgias porque nunca receberam pelos procedimentos.

“A situação real é que os médicos que não são cooperados não fazem porque cansamos de operar e nunca receber. Então quando o paciente chega à emergência a gente recebe, medica e encaminha. Se a pessoa der sorte de encontrar um cooperado ela é operada, mas a maior parte dos plantonistas não é cooperado”, disse.

Na avaliação de Nedson, o problema seria resolvido se a Unimed tivesse um médico plantonista no Miguel Couto. Sobre o caso de Renato, ele lamentou que a equipe da Santa Casa não tenha orientado o paciente antes de que deveria ter localizado um ortopedista cooperado.

Boa notícia

No meio da entrevista nesta quinta-feira (7), uma enfermeira apareceu no quarto e deu a boa notícia a Renato. Uma semana depois de dar entrada na Santa Casa, ele foi transferido para o Hospital Miguel Couto para a cirurgia. Segundo ele, o maior desespero foi porque não teve qualquer orientação dentro do Hospital, sendo jogado de um lado pra outro.

A família conta que após ter feito reclamação na diretoria clínica da Santa Casa, eles ofereceram um ortopedista, mas Renato havia conseguido o médico.

Na Unimed, a informação é de que a Santa Casa está atendendo normalmente e que não há qualquer restrição nos atendimentos. Também que uma queixa foi registrada na ouvidoria e que o caso está sendo apurado. A assessoria confirmou que Nedson não é cooperado, mas rebateu as declarações dele, dizendo que em caso de médicos não cooperados o dinheiro é repassado à a Santa Casa e o Hospital faz o pagamento a ele.

A reportagem entrou em contato com a Santa Casa, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição.

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