Sozinha em plenário, a bancada do PT na Assembleia Legislativa atacou projeto do governo para criar, na reta final do mandato, duas novas secretarias. Para a oposição, a proposta é meramente política e visa abrigar “derrotados nas eleições em Campo Grande”. Por isso, os parlamentares adiantaram negar regime de urgência para a tramitação dos projetos.

Na sessão desta terça-feira (26), foi oficializada a proposta do governador André Puccinelli (PMDB) pela divisão da Secretaria de Governo na Secretaria da Casa Civil e das Relações com os Municípios. Também foi confirmado o pedido para criar a Secretaria da Juventude. As mudanças criam dois cargos no primeiro escalão do Executivo Estadual.

O ex-prefeito Nelsinho Trad (PMDB), conforme adiantou Puccinelli, assumirá o comando da pasta das Relações com os Municípios. O secretário de Governo, Osmar Geronymo, responderá pela Casa Civil e o vereador Herculano Borges (PSC) irá dirigir a Secretaria da Juventude, abrindo caminho para Juliana Zorzo (PSC) assumir cadeira na Câmara Municipal.

“O que passa é que o governador cria os novos cargos para acomodar os derrotados na eleição em Campo Grande”, analisou o deputado Amarildo Cruz (PT). “Fica o sentimento que perderam a prefeitura da Capital e viram que não estavam certos e, agora, tentam corrigir”, acrescentou o deputado Cabo Almi (PT).

Na tribuna da Assembleia, o deputado Pedro Kemp (PT) engrossou as críticas. “É muito estranho no final do mandato reorganizar a estrutura do governo”, comentou. “Passaram seis anos de mandato e só agora estão criando as secretarias, por que isso?”, perguntou. “Só poder ser para acomodar alguém”, concluiu o petista.

Insatisfeitos, os oposicionistas querem amplo debate e adiantaram não tolerar acordo de liderança para apreciar em regime de urgência as propostas para criar duas secretarias. O plano de Puccinelli era votar os projetos, um dia depois, de eles chegarem à Casa de Leis para Nelsinho e Herculano começarem os trabalhos no dia 2 de abril.

“André doce, doce, doce”

Observando do gabinete o debate, o deputado Diogo Tita (PPS) decidiu voltar ao plenário para tentar defender Puccinelli. Até então, só os petistas estavam participando da sessão, além da deputada Dione Hashioka (PSDB) que via tudo da Mesa Diretora.

“Com a unanimidade do PT nessa Casa, me senti na obrigação de vir aqui”, justificou Tita. Para ele, Puccinelli “trabalha muito, mas é amargo”. “Agora, ele ficou mais carinhoso, mais afável, pois viu que ninguém governa sozinho. A eleição mostrou isso”, avaliou. “E o André ficou doce, doce, doce”, finalizou.