A noite violenta no centro de São Paulo terminou com sete feridos –quatro policiais militares e três manifestantes. Segundo balanço da Polícia Militar, dez pessoas foram detidas após depredação de agências bancárias, lojas e viatura da Polícia Civil, além da destruição de equipamentos públicos, como placas de trânsito e lixeiras. A onda de ataques voltou a levar pânico à região da Praça da República.

Na rua do Arouche, PMs fizeram uma batida na lanchonete Karibe, onde sete manifestantes estavam escondidos. O grupo, que tinha duas mulheres, foi retirado do estabelecimento, revistado e levado para o 2.º Distrito Policial (Bom Retiro).

O defensor da ONG Advogados Ativistas, André Zanardo, 26, chegou no momento da revista e criticou a ação. “Todos os que eles encostaram na parede foram levados para a delegacia, sem nenhum motivo flagrante. Parece a antiga prisão para averiguação da ditadura militar”, afirmou.

Um cliente que estava na lanchonete, cujas portas já estavam fechadas quando a PM chegou, contou como foi a prisão. “A polícia abriu a porta e estava todo mundo bebendo, menos eles, que estavam todos com os olhos vermelhos por causa do gás lacrimogêneo”, disse o funcionário público Amilcar Ferreira, 46.

Segundo a PM, outros três manifestantes foram detidos na região da Praça da República. Sem informar a identidade, o major Genivaldo Antonio, responsável pela operação da PM, informou que um dos responsáveis por virar a viatura da Polícia Civil na avenida Rio Branco também foi preso.

Susto

Quem passava pelo centro foi surpreendido com a truculência dos black blocs após o protesto em solidariedade aos professores do Rio. Às 21h40, o porteiro Mariano José Leão perambulava pela Praça da República com a cabeça ensanguentada. Ele pedia socorro após ter sido assaltado duas vezes.

“Levaram meu celular e meu dinheiro, tudo o que eu tinha. Só me deixaram a chave de casa”, disse. Leão mora no centro há 38 anos e disse acreditar que não tenha sido assaltado por manifestantes, mas por bandidos que se aproveitaram da confusão. Desnorteado, ele não conseguia encontrar um PM na praça, embora houvesse 150 homens na frente da Secretaria Estadual da Educação.

Atendente de uma rede de farmácias na Avenida Ipiranga, Elizete Rosa de Souza disse que a manifestação parecia pacífica. “A passeata passou tranquilamente por volta das 18h, com pouca gente. Foi por volta das 20h que começou a barulheira”, contou. “Em manifestações anteriores, a loja da Oi, Casas Bahia e o McDonald’s já haviam sido destruídas. Fechamos logo que o barulho começou.”

Às 22h já não havia mais focos de manifestação pelo centro e a situação estava controlada pela polícia.