Nada divide mais SP do que acesso à internet

Em praticamente todas as faixas de renda, o paulistano já tem em casa os principais bens de consumo. Do total de domicílios da cidade, 98,7% possuem geladeira, 98,6% têm televisão e 80,5%, máquina de lavar. Há, porém, uma exceção: a internet. Apenas 54,2% das residências têm conexão. Isso é mais que a média brasileira, mas […]

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Em praticamente todas as faixas de renda, o paulistano já tem em casa os principais bens de consumo. Do total de domicílios da cidade, 98,7% possuem geladeira, 98,6% têm televisão e 80,5%, máquina de lavar. Há, porém, uma exceção: a internet.

Apenas 54,2% das residências têm conexão. Isso é mais que a média brasileira, mas a desigualdade entre os bairros é grande – distritos ricos chegam a ter porcentual três vezes maior que os de menor renda.

Os números fazem parte de estudo do Ibope com base no Censo 2010. Fruto de uma parceria entre o instituto e o Estadão Dados, o levantamento foi feito com métodos estatísticos e de georreferenciamento para associar respostas relativas a maiores de 16 anos do questionário estendido do Censo 2010 aos 96 distritos paulistanos.

Ele faz parte da série 96xSP, que traz reportagens sobre a cidade e temas como migração, deslocamento e religião na capital. Segundo os dados, o acesso à internet é a última fronteira da universalização dos bens de consumo em São Paulo.

Em distritos de maior renda, o porcentual de residências com acesso à internet chega a 87,9% – esse é o caso de Moema, seguido de perto pelo Jardim Paulista, Alto de Pinheiros e Itaim-Bibi. Do outro lado do ranking, estão os dois distritos mais ao sul da cidade, com considerável população vivendo em área rural: Marsilac (15%) e Parelheiros (26,8%). Entre os distritos tipicamente urbanos, o pior colocado é o Jardim Ângela: 32%.

Minoria

O webdesigner Renan Castro dos Santos, de 18 anos, está dentro desse seleto grupo. Morador do distrito do Jardim Ângela desde que nasceu, Renan tem internet em casa desde os 8 anos e diz que aprendeu a trabalhar fazendo sites por conta própria. “Sou exceção no bairro. Aqui, realmente pouca gente tem internet em casa. É por isso que você vê sempre as lan houses tão lotadas.”

Segundo ele, a explicação para o baixo número de conexões não é totalmente financeira. “A empresa que tem plano popular de R$ 29,90 por mês não atende aqui no bairro. Aí temos que contratar um serviço mais caro. O que eu tenho em casa custa R$ 70. Trabalho com isso, então pago, mas muita gente acha que vale mais a pena usar a lan house para mexer no Facebook.”

Renan lamenta essa pouca adesão e acredita que, se o acesso à internet fosse mais universal, as pessoas poderiam se manter mais bem informadas. “Seria uma maneira de elas terem uma postura política mais ativa.”

A psicóloga Maria Regina dos Reis Gomes de Castro, de 61 anos, moradora de Moema, vive em um mundo distinto. Ela tem internet em casa há mais de 15 anos, mas quem usava mesmo eram o marido e os filhos. Ao longo dos tempo, ela foi percebendo que a rede poderia ser útil para marcar consultas e conversar com pacientes. Não adepta do Facebook – “nunca vou ser, pela questão da privacidade” -, ela usa a internet para pesquisar artigos, ler notícias e conversar com amigos de um grupo de música. Por isso, acha que ter acesso em casa hoje é essencial. “Tenho também conexão pelo celular, mas uso mesmo é em casa. Não dá para ficar sem.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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