Mulher dá à luz no Japão em experimento que a fez produzir óvulos

Uma nova técnica que faz com que os ovários de mulheres inférteis voltem a produzir óvulos resultou no nascimento de um bebê no Japão, anunciou uma equipe internacional de cientistas nesta segunda-feira (30). De acordo com o estudo, publicado no periódico americano Proceedings of the National Academy of Sciences, uma segunda mulher engravidou usando o […]

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar

Uma nova técnica que faz com que os ovários de mulheres inférteis voltem a produzir óvulos resultou no nascimento de um bebê no Japão, anunciou uma equipe internacional de cientistas nesta segunda-feira (30).

De acordo com o estudo, publicado no periódico americano Proceedings of the National Academy of Sciences, uma segunda mulher engravidou usando o mesmo método.

Cientistas alertam que a técnica ainda está em seus estágios iniciais, mas poderiam trazer esperança a mulheres jovens cujos ovários não produzem mais óvulos.

Esta condição, conhecida como insuficiência ovariana primária, afeta cerca de 1% das mulheres e faz os ovários deixarem de trabalhar antes dos 40 anos.

Uma vez que estas mulheres entram na menopausa muito jovens, a doação de óvulos era sua única opção caso quisessem engravidar.

A pesquisa foi feita com 27 mulheres com insuficiência ovariana primária. A idade média das pacientes era de 37 anos.

Todas tinham parado de menstruar quase sete anos antes, em média, e todas concordaram em ter os dois ovários removidos como parte do experimento.

Deste grupo, 13 mulheres foram identificadas com folículos residuais, que costumam conter um óvulo imaturo.

As meninas nascem com cerca de 800.000 destes folículos. A maioria fica adormecida, mas normalmente um folículo amadurece a cada mês e libera um óvulo.

“Nosso tratamento conseguiu despertar alguns dos folículos primordiais remanescentes e fazê-los liberar óvulos”, disse o principal autor do estudo, Aaron Hsueh, professor de obstetrícia e ginecologia da Universidade de Stanford.

Os ovários foram analisados e tratados com drogas estimulantes para bloquear certa via de crescimento, denominada PTEN, que faz com que os folículos fiquem adormecidos.

Pequenos pedaços dos ovários foram, então, transplantados de volta nas mulheres perto das trompas de Falópio.

Oito das 13 mulheres apresentaram sinais de crescimento folicular e foram tratadas com hormônios para estimular a ovulação.

Neste grupo, cinco desenvolveram óvulos maduros, que os cientistas coletaram para fertilização in vitro, usando o esperma dos parceiros das mulheres.

Uma delas recebeu dois embriões e levou até o fim uma gestação única, e o parto foi feito por cesariana, uma vez que o feto estava sentado na 37ª semana.

O principal autor do estudo, Kazuhiro Kawamura, professor associado de obstetrícia e ginecologia da Escola de Medicina da Universidade Santa Marianna, fez a cesariana.

“Embora eu acreditasse, com base em estudos anteriores, que esta abordagem de ativação in vitro (IVA) funcionaria, eu monitorei a gravidez de perto e, quando o bebê estava na posição sentada, eu mesmo executei a cesariana”, afirmou Kawamura em um comunicado.

“Não consegui dormir na noite anterior à cirurgia, mas quando eu vi o bebê saudável, minha ansiedade se transformou em alegria”, afirmou.

“O casal e eu nos abraçamos chorando. Espero que a IVA esteja disponível para ajudar pacientes com insuficiência ovariana primária em todo o mundo”, continuou.

Das outras quatro mulheres do experimento, uma está grávida, outras duas estão se preparando para a implantação de embriões ou estão fazendo uma coleta adicional de óvulos, e uma teve um embrião implantado, mas não conseguiu engravidar, afirmaram os cientistas.

Alan Copperman, diretor da divisão de endocrinologia reprodutiva no Centro Médico Monte Sinai, em Nova York, disse ter aplaudido a equipe nipo-americana pela “nova abordagem para um problema antigo”.

“Tendo dito isto, é extremamente prematuro comentar o amplo potencial deste procedimento em ajudar mulheres com insuficiência ovariana primária a alcançar um sucesso reprodutivo”, disse Copperman, que não participou do estudo.

“Pode levar anos até que vejamos benefícios clínicos para nossas pacientes que sofrem de falência ovariana”, continuou.

Os cientistas disseram que agora esperam investigar se a técnica poderia ajudar a neutralizar outras causas de infertilidade, como tratamentos contra o câncer.

Conteúdos relacionados