Moradores do Pantanal acusam empresa de prejudicar comunidade tradicional

Uma senhora que mora no vilarejo há 59 anos teve parte do um pequeno canavial destruído. A agropecuária ABBS é acusada de cercar Porto Esperança e proibir a circulação da população.

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Uma senhora que mora no vilarejo há 59 anos teve parte do um pequeno canavial destruído. A agropecuária ABBS é acusada de cercar Porto Esperança e proibir a circulação da população.

A instalação da ABBS (Agropecuária Brahman Beef Show), empresa agropecuária que comprou neste ano área no distrito de Porto Esperança, de Corumbá, cidade a 444 quilômetros de Campo Grande no pantanal sul-mato-grossense, continua trazendo transtornos a população ribeirinha.

Moacir Saturnino de Lacerda, natural de Porto Esperança, relata que o distrito tem mais de 100 anos e que a empresa além de estar acabando com um lugar historicamente importante está obrigando os moradores a desocuparem seus terrenos.

“Eles cercaram tudo e obrigam as pessoas a mudarem sua rotina. A cerca impede os moradores de ir ao comércio, os pescadores que sobrevivem do seu trabalho estão passando por dificuldade. A população está sendo hostilizada, impedida de circular normalmente,” ressalta Moacir Saturnino.

Para Moacir a empresa não está se importando com os problemas que tem causado a população e ao meio ambiente. “Se fosse uma empresa séria se preocupava com a responsabilidade social. Estão destruindo um patrimônio histórico cultural.”

O advogado Marco Antônio tem ajudado as comunidades e afirma que a cerca colocada em torno das casas está confinado os moradores e a presença constate de seguranças armados no local tem os amedrontado fazendo com que eles não denunciem o que vem acontecendo.

Marco Antônio cita o caso da Senhora Formosina de 91 anos que há 59 anos mora em Porto Esperança e teve parte de seu canavial destruído. “Ela tira seu sustento desse canavial, faz toda a retirada da cana manualmente e vende o melado para sobreviver. Agora além de ter seu terreno invadido, precisa passar por debaixo da cerca para chegar a sua plantação”, diz o advogado.

A reportagem tentou entrar em contato com a ABBS, mas não há registro de telefone na página da empresa na internet e no endereço registrado como sede da ABBS foi encontrado uma outra empresa.

O caso

A empresa ABBS Agropecuária é a nova possuidora da “Fazenda Triângulo”, cujas adjacências fazem divisa com o território da Comunidade Tradicional do Porto Esperança, à beira do Rio Paraguai.

A empresa construiu cercas que impedem o acesso dos moradores a áreas de uso coletivo, como pequenas plantações – que foram destruídas -, áreas recreativas e à estrada que dá acesso à rodovia federal.

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