Ministro estima que quatro mil veículos ainda estão em território boliviano
As ações integradas entre o Brasil e a Bolívia visando o combate aos crimes na fronteira devem prosseguir, segundo afirmou o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, em entrevista concedida a jornalistas dos dois países na cidade de Puerto Quijarro, onde aconteceu o ato de entrega de veículos brasileiros roubados e que foram apreendidos na […]
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As ações integradas entre o Brasil e a Bolívia visando o combate aos crimes na fronteira devem prosseguir, segundo afirmou o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, em entrevista concedida a jornalistas dos dois países na cidade de Puerto Quijarro, onde aconteceu o ato de entrega de veículos brasileiros roubados e que foram apreendidos na Bolívia durante o processo de nacionalização, instituído pelo governo Evo Morales.
“Tenho certeza que esse é um primeiro passo dentre tantos outros que estão sendo dados pelos Governos do Brasil e da Bolívia. As organizações criminosas têm que perceber que estamos juntos e que não adianta querer trazer carro para a Bolívia achando que vão conseguir ter mercado livre, sem consequência”, disse Cardozo ao comentar que todas as ações entre os países devem atentar para a preservação dos direitos nacionais.
“Temos troca de informações na área da inteligência, temos ações integradas e estamos aprofundando ainda mais porque nosso objetivo é cada vez mais aumentar a fiscalização de lado a lado com respeito à soberania dos países”, observou.
O ministro destacou como exemplo, o diálogo que existe para a implantação dos voos dos VANT’s (veículos aéreos não-tripulados) nas regiões de fronteira com o Brasil e a Bolívia.
“Já estivemos em La Paz e conversamos sobre a possibilidade do VANT sobrevoar o território boliviano e fotografar imagens para os setores de inteligência das polícias tanto da Bolívia como do Brasil. Isso tem que ser feito de comum acordo, estamos numa fase de discussão técnica relativa a equipamentos, ao controle do espaço aéreo porque é necessário que um país para respeitar a soberania do outro, faça as coisas de comum acordo”, declarou ao citar o Plano Estratégico de Fronteiras e ações que visam reforçar o controle e fiscalização nessas áreas.
“Estamos fazendo uma elevação muito forte do sistema de controle na fronteira, nosso Plano Estratégico de Fronteira é programado para chegar ao seu ponto maior em 2014. Estamos comprando equipamentos, compramos mais um veículo aéreo não tripulado, compramos scanners de veículos para a Polícia Rodoviária Federal e nossa ideia é comprar mais para os Estados de fronteira também. Estamos criando o Sistema Alerta Brasil, de radares especiais de informações nas estradas, onde os dados dos veículos são passados para uma central e nos permite maior agilidade de atuação”, elencou ao lembrar que o Brasil possui 16 mil quilômetros de fronteira seca e outros 8 mil km pelos rios.
“Essa integração é peça-chave do nosso plano que está sendo bem executado. Aumentamos o número de apreensões de drogas e de armas. A fiscalização não é fácil, mas é uma prioridade da presidente Dilma Rousseff”, afirmou o ministro brasileiro.
O prefeito de Corumbá, Paulo Duarte, cidade fronteiriça com a Bolívia, também prestigiou a cerimônia e exaltou a importância do encontro. “Este é um ato histórico e de grande importância para as gerações futuras do Brasil e da Bolívia e, particularmente, de Corumbá”, disse.
Apreensões devem continuar
Pelo lado boliviano, o ministro de Governo, Juan Ramón Quintana, declarou que o combate à permanência na Bolívia de carros roubados em outros países é um elemento importante dentro da luta contra o ilícito, lembrando que os crimes geralmente estão associados na fronteira.
“É um passo a mais e fundamental na luta contra as organizações criminosas na Bolívia, pois ao lado dos roubos dos veículos há outros crimes como o tráfico de armas, de drogas e o tráfico de pessoas e se a gente faz um bom trabalho lutando contra esses delitos, vamos dar segurança às comunidades que estão na fronteira primeiramente e posteriormente no interior”, disse ao afirmar que veículos sem documentos dentro da Bolívia continuarão a ser apreendidos.
“Não terá uma segunda oportunidade para os cidadãos que não regularizaram a propriedade dos veículos na Bolívia. Daqui pra frente, veículos que não tenham documentos legais serão apreendidos e estes passam à propriedade do Estado que, por sua vez, distribuirá às entidades sociais”, falou ao estimar que ainda há cerca de 4 mil veículos brasileiros em território boliviano.
“Esta é a primeira fase que conclui a entrega de 500 veículos, mas na Bolívia temos mais de 4 mil. Todos os dias estaremos apreendendo outros veículos e assim que tivermos um lote grande, entregaremos aos seus países de origem. Mas também temos que trabalhar com as empresas privadas de seguro de veículos e temos que melhorar os sistemas de informações para a transferência de dados entre os países”, declarou.
Busca pelos proprietários
Os dez primeiros veículos que atravessaram a fronteira estão no pátio do Posto Esdras, da Receita Federal. Segundo o inspetor-chefe do órgão em Corumbá, Eduardo Fujita, agora, haverá nova checagem dos veículos antes de liberá-los para a Defurv, em Campo Grande.
“Nós teremos que verificar se eles constam da lista do Ministério da Justiça ao Governo Boliviano e confirmando, encaminharemos à Polícia Civil”, disse ao Diário estimando que haverá um remanejamento de pessoal para dar celeridade a esse processo. “Não vai ser necessário acréscimo, apenas remanejamento porque é um trabalho a mais a ser feito. Acreditamos que consigamos fazer de 20 a 30 verificações por dia”, estimou.
Maria de Lourdes Souza Cano, delegada da Defurv informou que a busca pelos proprietários de todos os veículos será um processo que demandará esforço do aparato policial do Estado, porém, acredita que os primeiros devem ser comunicados já na próxima semana.
“Será feito um levantamento, exame pericial nesses veículos para sabermos se houve adulteração e outros procedimentos. Eu acredito que nos mais tardar no início da semana vindoura, as vítimas já estarão sendo chamadas porque a intenção da Polícia é retornar esse bem aos proprietários”, comentou ao Diário.
Mas, teve vítima que preferiu ir até à fronteira para ver se reconhecia o seu veículo no meio do comboio. Ainda com medo devido à violência empregada pelos bandidos durante o assalto, um homem que teve duas motos roubadas, uma em 2011 e outra este ano, pediu para não ser identificado pela reportagem, mas contou que num dos veículos que nem chegou a quitar, perdeu cerca de R$ 4 mil. “Vamos ver se recebo essa ligação. Para mim, ia ser muito bom porque uso a moto como instrumento de trabalho”, falou esperançoso.
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