O menino Isael Arcângelo da Silva Salomão, de 4 anos, engoliu uma pilha enquanto brincava com o irmão caçula em Pedro Gomes, no último sábado (16). O líquido que fica dentro do objeto vazou, necrosando o esôfago do garoto, que foi encaminhado ao Hospital Regional de Campo Grande.

De acordo com o pediatra que está atendendo Isael em Campo Grande, Alberto Cubel Júnior, o paciente pode ter graves sequelas. Ele está se alimentando por meio de sonda.

O pai da criança, Isael Rodrigues Salomão, contou que o incidente aconteceu durante um momento de desatenção. “Deixei os dois lá no quarto e, depois de uns dez minutos, os dois vieram correndo pra cozinha, o Isael chorando e falando o que tinha acontecido, que tinha engolido a pilha”, disse.

Imediatamente, segundo ele, o menino foi levado ao hospital local, onde foi atendido pelo plantonista Lissandro Vargas. O médico, conforme Salomão, afirmou que não tinha necessidade de fazer radiografia e receitou antiácido e remédio para dor.

“Disse que o objeto já tinha descido e que seria evacuado. Ainda explicou que uma substância corrosiva podia vazar da pilha e isso poderia ser fatal, mas, liberou meu filho”, explicou o pai do garoto.

Consequências

Na segunda-feira (18), Isael foi levado novamente ao mesmo hospital reclamando de dores e com vômitos frequentes. Um outro médido que trabalha no local e estava de plantão pediu o exame de Raios x. “Foi constatado que a pilha estava lá. Então viemos para Campo Grande no mesmo dia e os médicos retiraram a pilha”, explica o pai.

De acordo com Cubel, que está acompanhando o paciente, durante o período de cicatrização, o garoto pode desenvolver estenose esofágica, que é o estreitamento do canal do esôfago. “O esôfago é um tubo e, durante a cicatrização dessas lesões, pode ser que o esôfago feche ou se estreite, por isso, temos que acompanhar todo esse processo de recuperação”, explicou o médico.

Negligência

Vargas, primeiro médico que atendeu o menino, disse, em resposta às declarações do pai, que Salomão não tinha certeza se o filho realmente havia engolido o objeto.

Sobre a necessidade de Raios x, ele relata que o procedimento seria necessário se a criança tivesse algum efeito por conta da ingestão. O médico ainda afirmou que todos os procedimentos tomados foram registrados no prontuário médico.

O hospital municipal de Pedro Gomes, onde a criança recebeu os primeiros atendimentos, informou que vai abrir um processo administrativo para apurar a conduta do médico Lissandro Vargas e verificar se houve falha no atendimento.