O menino de 12 anos atingido por um tiro na cabeça supostamente disparado por um policial militar aposentado teve morte cerebral na manhã desta quinta-feira (4). A família do garoto decidiu doar os órgãos dele, informou o pronto-socorro do Hospital João 23, em Belo Horizonte.
O adolescente Lucas Daniel Alcântara Lima tinha ido à padaria na noite da última segunda-feira (1º), no bairro Cristina, em Santa Luzia (região metropolitana de Belo Horizonte), quando recebeu o tiro do PM aposentado. Desde então, ele estava em estado gravíssimo no hospital.
O caso ocorreu no momento em que havia uma manifestação pela melhoria da qualidade da coleta de lixo. No entanto, vizinhos dizem que onde o menino foi baleado não havia protesto.
A polícia nega e diz que a manifestação causou irritação em Vanderlei Gomes da Fonseca, 72, por causa do barulho na rua. Ele saiu de casa com um revólver calibre 32 e disparou, atingindo Lucas.
Na rua onde ocorreu o crime, dizem os vizinhos, algumas crianças soltavam bombinhas na rua e isso irritou o PM aposentado, que saiu de casa e atirou.
A assessoria da Polícia Civil informou que o delegado Cristiano Augusto Xavier, da Delegacia de Homicídios de Santa Luzia, confirmou a ocorrência de uma manifestação nas cercanias do local do crime. O fato de pessoas se deslocarem pelas ruas do bairro soltando bombinhas, pegando sacos de lixo e fazendo barulho estava no contexto da manifestação.
Lucas, no entanto, não participava da brincadeira dos meninos na rua, como afirmam os vizinhos, e nem da manifestação, como diz a polícia. Ele tinha saído de casa para comprar pão.
Uma tia dele, Beatriz Alcântara, e uma vizinha, afirmaram que o PM aposentado tinha o hábito de dar tiros para o alto durante a madrugada.
Fonseca foi preso em flagrante e vai responder por homicídio. Na delegacia, ele afirmou que atirou “apenas para dispersar” as pessoas na rua, sem querer atingir ninguém.