Alguns dos principais membros de bancos centrais do mundo buscaram nesta terça-feira acalmar os mercados que reagiram antecipadamente ao impacto do plano do Federal Reserve, banco central norte-americano, de reduzir suas compras de títulos.

Os presidentes do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, e do BC britânico, Mervyn King, lideraram o movimento tentando aliviar as expectativas de que o anúncio do Fed na semana passada poderia levá-los a seguir o exemplo e desfazer suas políticas de sustentação do crescimento.

“Em termos de política monetária, a estabilidade de preço está assegurada, e o cenário econômico geral ainda justifica uma postura acomodativa, cujo fim, aliás, ainda está distante”, disse Draghi, em Berlim.

Mais cedo nesta terça-feira, um dos membros do BCE, Benoit Coeure, disse que as medidas de política que a autoridade monetária adotou para sustentar o crescimento e lutar contra a crise da zona do euro permanecerão “por quanto tempo for necessário” e que o BCE poderia ainda ir além, se necessário.

“Existem outras medidas, padrão e não padrão, que podemos adotar se justificado”, disse ele em Londres.

A dupla ofensiva de Draghi e Coeure mostrou que o BCE não está prestes a seguir o Fed, o primeiro dos principais bancos centrais do mundo a apresentar um plano para reduzir suas medidas de estímulo.

Os rendimentos da dívida dos EUA e de outros governos saltaram desde que o chairman do Fed, Ben Bernanke, disse que o banco central norte-americano poderia começar a reduzir suas compras de títulos neste ano e possivelmente encerrá-lo até meados de 2014.

O presidente do BC britânico, afirmou que os mercados exageraram na interpretação das declarações de Bernanke.

“Acho que as pessoas se anteciparam achando que isso significa um retorno iminente aos níveis normais de taxas de juros. Não significa”, disse ele em sua última aparição como presidente diante do Comitê do Tesouro do Parlamento, nesta terça-feira.

“O Federal Reserve simplesmente disse que o afrouxamento, no qual ainda está comprometido, pode diminuir em algum momento dependendo das condições econômicas”, disse King.

Se a Europa não seguirá o exemplo do Fed, o Japão também não o fará, depois de ter recentemente embarcado em um programa de estímulo extraordinário.

O sucessor de King, Mark Carney, disse que o retorno a uma postura de política mais normal é inevitável em algum momento, e que os bancos e reguladores devem estar preparados. “Eventualmente em todas as principais jurisdições o objetivo é se afastar da acomodação de emergência excepcional”, disse ele.

No final de semana, o Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês), conhecido como “banco central de bancos centrais”, aumentou a pressão pelo fim do dinheiro barato ao dizer que uma saída das políticas acomodativas só ficaria mais difícil ao longo do tempo.