Melhoria na condição de vida reduz número de mortes por doenças cardiovasculares, diz pesquisa
Uma pesquisa de médicos da Universidade Federal Fluminense apontou que melhorias das condições socioeconômicas da população reduziram o índice de mortalidade por doenças cardiovasculares, principalmente nos casos de acidente vascular cerebral (AVC), em pelo menos três estados do Brasil: Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul. A pesquisa, assinada pelos médicos Gabriel […]
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Uma pesquisa de médicos da Universidade Federal Fluminense apontou que melhorias das condições socioeconômicas da população reduziram o índice de mortalidade por doenças cardiovasculares, principalmente nos casos de acidente vascular cerebral (AVC), em pelo menos três estados do Brasil: Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul.
A pesquisa, assinada pelos médicos Gabriel Porto Soares, Júlia Dias Brum, Gláucia Maria Oliveira, Carlos Henrique Klein e Nelson Albuquerque, trabalhou os indicadores socioeconômicos a partir de 1949 e analisou a mortalidade do DataSUS entre os anos de 1980 e 2008.
A médica, professora da UFRJ e presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio de Janeiro (Socerj), Gláucia Maria Oliveira, informou que os estudos mostraram que há uma defasagem de 30 anos entre investimentos de recursos na diminuição da mortalidade infantil, no aumento dos anos de estudo da população e na melhoria do PIB, para que tenha em média o efeito da redução da mortalidade por doenças cardiovasculares.
“Houve relação muito estreita entre a queda da mortalidade com a melhoria dos níveis socioeconômicos. A queda começou a partir de 1980 e depois se intensificou em 2000, mas o benefício vem do investimento que foi feito lá atrás. Há uma defasagem para que caia a mortalidade não só por doença isquêmica do coração, quanto por doenças cérebro-vasculares quanto por doenças do aparelho circulatório”, informou em entrevista à Agência Brasil.
A influência dos investimentos, segundo Gláucia, vai variar entre os estados que apresentaram os resultados da pesquisa. ” Em São Paulo, como tem o nível socioeconômico melhor, se vê o benefício em um ano se houver o investimento. No Rio de Janeiro, que tem o nível socioeconômico mais baixo, a diferença para ter o benefício vai variar em torno de 20 a 30 anos. Houve uma melhora maior no nível socioeconômico a partir dos anos 2000 e esperamos que no futuro tenhamos uma queda maior na mortalidade”, explicou.
A pesquisa revelou ainda que os benefícios atingem todas as faixas da sociedade, porque há investimentos nos fatores determinantes, como queda de mortalidade infantil, aumento nos anos de estudos e elevação do PIB. “Quando se investe no PIB, se investe para todo mundo. Essa é que é a vantagem. Por isso que a mortalidade cai tanto e tem benefício para todas as classes. No Rio de Janeiro se houver investimento de R$100 na economia, tem uma queda percentual de 1,5 até 2 nas doenças isquêmicas do coração, mas as doenças do aparelho circulatório caem até 6 %”, acrescentou.
Para o presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), Jadelson Andrade, o resultado da pesquisa é muito importante porque as doenças cardiovasculares ainda são a maior causa de morte no Brasil, respondendo por mais de 300 mil óbitos anuais.
A pesquisa foi publicada pela revista científica da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Arquivos Brasileiros de Cardiologia.
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