Médicos protestam contra contratação de profissionais estrangeiros

Contra a contratação de médicos estrangeiros sem a avaliação do diploma, profissionais de saúde de Mato Grosso do Sul fazem, neste sábado (25), um protesto em Campo Grande. Estudantes e profissionais vão se concentrar, a partir das às 8h, na Praça da Rádio Clube, para depois seguirem em passeata pelo centro. O presidente do Sinmed-MS […]

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Contra a contratação de médicos estrangeiros sem a avaliação do diploma, profissionais de saúde de Mato Grosso do Sul fazem, neste sábado (25), um protesto em Campo Grande. Estudantes e profissionais vão se concentrar, a partir das às 8h, na Praça da Rádio Clube, para depois seguirem em passeata pelo centro.

O presidente do Sinmed-MS (Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul), Marco Antônio Leite, diz que considera justa a vinda de profissionais da área da saúde para o Brasil, desde que façam o exame de revalidação de diplomas. “O que não é justo é termos profissionais atuando em nosso país sem que passem por uma avaliação técnica a qual todos que vem para o país precisam passar”, afirma.

“Queremos saúde de qualidade para as pessoas, o que falta é estrutura adequada. Você pode ter o melhor médico atuando, mas se ele não tiver o suporte necessário, ele desenvolverá um trabalho comprometido”, critica o presidente do Sinmed-MS.

O presidente do Centro Acadêmico do curso de Medicina da Uniderp, Guilherme Fantini, afirma que os estudantes terão participação maciça no manifesto e acompanharão as entidades médicas em todas as mobilizações que defendam saúde de qualidade no Brasil.

O caso

Ontem, o Ministério da Saúde informou que, na última década, o país acumula um déficit de 54 mil médicos. Para suprir a demanda, o Governo negocia a possível contratação de médicos espanhóis, cubanos e portugueses para atender áreas carentes.

Segundo o Ministério da Saúde, o déficit é um dos principais gargalos para ampliar o atendimento no SUS. “O SUS agora tem três desafios: financiamento, esforço da gestão compartilhada – federal, estadual e municipal – e a oferta de qualidade e quantidade de profissionais de saúde para a dimensão de um país como o Brasil. A solução não é só trazer médicos estrangeiros. Essa é só uma parte da solução”, afirmou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, durante evento em Belo Horizonte (Minas Gerais), na quinta-feira (23).

Mato Grosso do Sul

Mato Grosso do Sul está bem abaixo da média brasileira do número de médicos, segundo revela o estudo do CFM (Conselho Federal de Medicina) divulgado em fevereiro deste ano. O levantamento aponta que 4.238 médicos se encontravam em atividade em outubro de 2012. Com taxa de 1,69 profissional por 1.000 habitantes, o Estado ocupa o 17° lugar em números absolutos de médicos registrados em todo o país (388.015) e o 10º em termos proporcionais.

Cerca de 64% destes profissionais se concentram na capital e 64,1% deles atuam no Sistema Único de Saúde (SUS). As especialidades em que há maior déficit, de acordo com o CRM/MS (Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso do Sul), são neurologia, endocrinologia e hematologia.

Há uma grande discussão em torno dos motivos que levam os médicos a se fixarem em grandes centros. A estrutura que é oferecida aos médicos faz com que eles procurem os grandes centros para desenvolverem as suas atividades. O salário acaba sendo mais um fator, afirmam os profissionais.

O estudo destaca em MS a desigualdade constatada entre a capital e os municípios do interior do Estado. Os dados divulgados mostram que 1.708.836 cidadãos, moradores de cidades interioranas, são assistidos por 1.523 médicos.

Neste conjunto de municípios, a razão médico/habitante fica em 0,89. Por outro lado, os residentes na capital têm um índice de 3,14 médicos por 1.000 habitantes.

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