Os títulos voltados para o mercado infantil e juvenil aumentaram significativamente e hoje as redes sociais permitem que eles compartilhem suas experiências, criando uma nova modalidade do velho clube de leitura
Quem diz que o jovem de hoje não gosta de ler e que antigamente, quando não havia tanta tecnologia se lia muito mais do que agora, realmente não sabe o que está falando. O número de títulos voltado para o mercado infantil e juvenil aumentou significativamente de 2011 para 2012. E a produção literária especifica para o público já supera a do adulto.
Para se ter uma idéia, em 2011, somados a produção editorial infantil e juvenil chegava-se a 30.911.591 livros publicados, enquanto que a de adulto era de 31.993.219 exemplares. Em 2012, os números de exemplares para o publico infanto-juvenil aumentou 53% e marcou 47.431.402.
Os jovens e adolescentes que eram responsáveis por 6,19% do mercado editorial passaram a ser responsáveis por uma participação de 9,74%, enquanto que a literatura adulta cresceu apenas 1,38 pontos percentuais, passando de 6,40% do mercado para 7,78%.
Se for analisar ainda que as publicações, em sua maioria, são de livros didáticos, aí as crianças e os jovens ganham em disparado. Esse tipo de literatura é responsável por 44,40% da participação editorial do mercado, com 214.250.244 exemplares publicados.
Em uma análise mais geral, vê-se que em duas décadas o número de títulos publicados no país mais que dobrou. Enquanto que em 1990 o país publicava 22.749 títulos ao ano, passados 23 os números chegam a 57.473 títulos (2012). Se for analisar o faturamento os dados são ainda mais relevantes. Há duas décadas o mercado faturava R$ 901.503.687, no ano passado o faturamento foi de R$ 4.167.594.601,40.
Os grandes responsáveis por esse aquecimento são jovens como João Chaca, 14 anos, que apaixonado por literatura devora livros e mais livros por ano. O interesse vai desde literatura fantasiosa a ensaios filosóficos.
Ele conta que os pais foram responsáveis em despertar o interesse pelos livros. “Meus pais liam para mim desde que eu era recém-nascido. O mundo da literatura, da imaginação está presente na minha vida desde sempre”, diz.
Outro louco por livros é Matheus Nascimento. O jovem de 16 anos conta que o fascínio pelas letras o ronda desde muito pequeno, tanto que aprendeu a ler sozinho aos 4 anos e nunca mais parou.
No caso dele, o gosto não foi por influência de ninguém, nasceu com ele mesmo, diz. Os livros preferidos são os que misturam fantasia com críticas, como a saga de Jogos Vorazes,. Gêneros de investigação policial também o fascinam.
Já João Guilherme Berrocal Barreto, 15 anos, gosta de biografias. Ele diz que tomou gosto pela leitura no ano passado quando foi para o ensino médio e começou a estudar geografia, história, geopolítica. Com o estudo dessas matérias, o interesse por personalidades do mundo político se despertou.
A leitura, revela, o ajuda na escola e a se comunicar bem com as pessoas. “Me interesso para saber mais sobre o assunto. Conversar com as pessoas, debater no Facebook, na escola, é pauta na para qualquer conversa. Modéstia a parte, sempre tive boas notas. Mas, agora com as leituras consigo entender o conteúdo ainda mais. Ajuda no meu aprendizado e hoje eu ajudo as pessoas que precisam mais do que eu”, conta.
Assim como João, a influência familiar foi determinante para o gosto pelos livros. Ele conta que a tia, que é jornalista, lê muito, e o avô, que também gosta de ler, sempre o incentivaram. Os debates dentro de casa foram fundamentais, na conclusão dele, para que o gosto pelos livros acontecesse.
Dentre as biografias citadas por ele estão a de Eike Batista, Winston Churchill, Joseph Stalin e Dilma Roussef.
A presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros, Sônia Jardim, explica que depois de Harry Potter, o mercado se deu conta que o jovem é um leitor muito ávido, fanático e começou a se publicar para eles livros com textos longos, inclusive. “Essa é uma geração de leitores que vem sendo criada e deve levar o hábito da leitura para o resto da vida. A cada ano, surge uma moda, uma onda para esse segmento. Agora, a onda é dos games, do livro que vira game, do game que vira livro e também dos livros feitos a partir de filmes ou de livros que viram filmes”, afirma.
Sobre o uso de tecnologias, Sônia diz que a ferramenta, como as redes sociais, por exemplo, permitem que os jovens compartilhem suas experiências e isso criou uma nova modalidade do velho clube de leitura, onde o jovem compartilha sua paixão pelos personagens e histórias. “Agora, o livro deixou de ser uma experiência solitária”, finaliza.