Jornada transforma Rio de Janeiro em capital mundial do catolicismo

A Jornada Mundial da Juventude (JMJ), maior evento do mundo direcionado a jovens católicos, promete elevar o Rio de Janeiro, a partir desta terça-feira, até o próximo domingo, 29, ao status de capital mundial do catolicismo. Além dos atos centrais, que contarão com a participação do papa (com exceção da missa desta terça-feira, presidida pelo […]

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar

A Jornada Mundial da Juventude (JMJ), maior evento do mundo direcionado a jovens católicos, promete elevar o Rio de Janeiro, a partir desta terça-feira, até o próximo domingo, 29, ao status de capital mundial do catolicismo.

Além dos atos centrais, que contarão com a participação do papa (com exceção da missa desta terça-feira, presidida pelo arcebispo do Rio de Janeiro, dom Orani Tempesta), estão previstas diversas atividades religiosas, desde catequeses até shows de música e dança, passando por missas e palestras.

Segundo estimativas da organização do evento, cerca de 2,5 milhões de fiéis devem participar da jornada, que chega em 2013 à sua 28ª edição.

Caso a meta se concretize, o número de devotos superará o da anterior, realizada em Madri em 2011, quando aproximadamente 2 milhões de católicos viajaram à capital espanhola.

Criada pelo papa João Paulo 2º em meados da década de 80 como forma de estreitar os laços e afinar o discurso entre a Igreja Católica e os jovens, a Jornada Mundial da Juventude é realizada a cada dois ou três anos.

O evento tornou-se rapidamente um dos legados mais positivos de seu papado, lembrado por vaticanistas e especialistas em religião, e ganhou importância para a Igreja Católica ao longo dos anos como instrumento para combater a perda de devotos.

Capital multicultural

Cartão-postal do Brasil reconhecido internacionalmente, o Rio de Janeiro também fará jus a seu aspecto multicultural: já são, ao todo, 350 mil peregrinos estrangeiros inscritos na jornada, vindos de mais de 150 países do mundo.

Os viajantes internacionais, em sua maioria, jovens, estão hospedados em casas de famílias. Depois do Brasil, o maior número de inscritos vem da Argentina, seguido por Estados Unidos, Chile, Itália, Venezuela, França, Paraguai, Peru e México.

Ansiosos por ver o Papa, eles dizem querer compartilhar experiências e levar de volta a seus países de origem as lições aprendidas durante o evento.

“Participei da Jornada de Madri há quatro anos. Lá, pude reafirmar meu compromisso com a fé católica. Espero poder ter a mesma experiência aqui no Brasil”, afirma Georgia Taioli, de 20 anos.

Natural de Verona, no norte da Itália, ela chegou ao Rio na última sexta-feira, 19, acompanhada de outros 41 italianos. O grupo, que está hospedado em casas de família no Cachambi, bairro da Zona Norte carioca, deverá fazer, após o término da Jornada, uma viagem missionária a São Luís, no Maranhão, antes de voltar a seu país.

A fé também motivou a vinda do palestino Jamil Abu Joudan. Junto com amigos, ele veio ao Rio pela primeira vez e leva consigo a bandeira do território autônomo ainda não reconhecido pela ONU.

“Queremos ter o direito de professar o cristianismo na terra santa”, diz ele, morador de Jerusalém. “Hoje, somos muito poucos, menos de 1% da população, e sofremos preconceito”, acrescenta.

Para as primas americanas Helena e Thao Nguyen, de 22 e 18 anos, respectivamente, a viagem, além de conhecer o Rio, servirá para “compartilhar experiências”.

“Já participamos de outras jornadas, como a da Austrália, em 2008. Queremos aproveitar esta temporada aqui no Rio para aprender mais sobre a cultura brasileira, o que, certamente, poderá nos ajudar no trabalho de voluntariado que fazemos em nossa comunidade”, afirma Helena.

Humilde e sereno

Embora sejam de nacionalidades diferentes, os peregrinos estrangeiros enaltecem as características do novo papa e disseram acreditar ser ele a pessoa certa para mudar a Igreja.

“Não se trata de dizer que o papa Francisco é melhor do que seu antecessor, Bento 16. Mas ele tem uma sensibilidade que toca os fiéis de maneira diferente. Ele é humilde e faz o que prega literalmente”, diz uma jovem uruguaia, que veio ao Rio com um grupo de meninas do Uruguai, com idades entre 18 e 20 anos.

A opinião é majoritária entre os jovens fiéis que participam da jornada.

Para o salvadorenho Gustavo , de 23 anos, o argentino Jorge Mario Bergoglio “foi escolhido por Deus” porque “ele já sabia que seria a pessoa ideal para escrever o futuro da Igreja Católica”.

Agenda

Entre os pontos altos da Jornada Mundial da Juventude, estão a festa de acolhida dos jovens e a Via Sacra, ambas na orla de Copacabana.

Mas o destaque deve ficar com a vigília e a missa no Campus Fidei, em Guaratiba, na Zona Oeste do Rio, previstas para acontecerem no sábado e no domingo, respectivamente.

Ali, em um terreno de 1,3 milhões de metros quadrados dividido em 22 lotes, cada um equivalente a sete campos de futebol do Estádio do Maracanã, são esperados 1,5 milhão de fiéis.

Para chegar ao local, eles terão de andar cerca de 13 quilômetros até o local, peregrinação comum a todas as jornadas.

Conteúdos relacionados