JMJ transforma parque em confessionário a céu aberto
A Jornada Mundial da Juventude (JMJ) transformou o parque da Quinta da Boa Vista, antiga residência da família imperial, em um grande confessionário a céu aberto. Cercado por grades de proteção, um pequeno pedaço da imensa área verde, localizada em São Cristóvão, na zona norte do Rio, recebeu 65 cabines portáteis, à disposição dos fiéis […]
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A Jornada Mundial da Juventude (JMJ) transformou o parque da Quinta da Boa Vista, antiga residência da família imperial, em um grande confessionário a céu aberto.
Cercado por grades de proteção, um pequeno pedaço da imensa área verde, localizada em São Cristóvão, na zona norte do Rio, recebeu 65 cabines portáteis, à disposição dos fiéis para a confissão em sete idiomas (português, espanhol, inglês, francês, italiano, alemão e polonês). Os confessionários são identificados com pequenas placas na parte da frente.
O local será visitado pelo papa Francisco por volta das 10h desta sexta-feira. Ali, ele atenderá a confissão de cinco jovens (três brasileiros, um italiano e um venezuelano).
Os confessionários foram desenhados pelo arquiteto espanhol Ignácio de Ozono, radicado no Brasil há 38 anos. Ele diz ter se inspirado na vista do Corcovado a partir do bairro da Gávea, na zona sul da cidade, para criar o projeto.
No total, cerca de cem cabines foram montadas e distribuídas na Quinta da Boa Vista e no Largo da Carioca, no centro do Rio.
Para dar conta da demanda, cerca de 1,5 mil padres de diferentes países se inscreveram para atender confissões em ambos os locais. Só no parque, são 900. Eles foram divididos pelos dias do evento, que começou na última terça-feira e termina nesta sexta-feira, e se revezam nos confessionários a cada duas horas.
O padre Pat Travers, da diocese de Juneau, no Estado americano do Alasca, foi um dos que decidiu participar da empreitada. Ele conta ter atendido a confissão, em sua língua materna, o inglês, de 30 a 40 pessoas.
“Não é um trabalho cansativo”, afirma.
Travers veio ao Brasil acompanhado de 50 pessoas. Ele já está em sua terceira Jornada Mundial da Juventude, depois de ter participado do evento em Madri (2011) e em Roma (2000).
Desde o início das atividades no local, voluntários estimam que cerca de 500 pessoas já tenham se confessado.
Uma delas é a estudante de Educação Física Daniele de Oliveira, de 20 anos. Natural de São Gonçalo, na região metropolitana do Rio, ela destaca o papel da confissão para os católicos como ela.
“Carregamos muitos pesos. Saber que existe a possibilidade de absolvição dos nossos pecados é, para mim, um recomeço”, afirmou.
LazerAlém dos confessionários, a Quinta da Boa Vista recebeu a chamada feira vocacional da jornada, definido por religiosos como “um momento de descoberta pessoal”.
“Aqui os jovens têm a oportunidade de descobrir qual é a sua vocação, dada por nosso Deus”, explica a irmã Maria Helena Codignole, superiora provincial da congregação Irmãs de Nossa Senhora da Consolação.
“Ou seja, eles podem descobrir se sua vocação é a vida sacerdotal ou o matrimônio, por exemplo. Não se trata de uma profissão, mas, sim, de seu conteúdo espiritual”, acrescentou.
Maria Helena ocupava, junto de outras freiras, um das dezenas de estandes que se espalhavam por toda a extensão do parque. Neles, os peregrinos poderiam conhecer em mais detalhes o trabalho de diferentes congregações religiosas, tanto brasileras quanto estrangeiras.
Como parte da programação oficial da JMJ, a Quinta da Boa Vista também recebeu catequese e inúmeras atividades de lazer, como shows de música, dança e teatro.
O parque rapidamente tornou-se um ponto de encontro dos jovens. Mesmo debaixo de chuva, muitos peregrinos continuavam a chegar ao local.
Liderado por Ambroise Dumoulin, de 24 anos, um grupo de 14 franceses nem tinha passado do portão principal e já dizia estar maravilhado com o espaço.
Eles, que chegaram ao Brasil na terça-feira retrasada, contam que foram a Ouro Preto, em Minas Gerais, para uma semana pré-missionária para depois conhecerem o Rio.
“Estamos gostando muito da cidade, especialmente, durante este momento de união. Fizemos questão de vir ver o papa Francisco, que vem imprimindo à Igreja Católica um rumo diferente e mais bem-sucedido do que Bento 16”, afirmou Dumoulin, com a experiência de já ter participado da Jornada de Madri, em 2011.
Já Lalitha Mtetwa, de 25 anos, conta que tentará replicar a experiência vivida no Brasil em seu país-natal, o Zimbábue, na África. Ela diz estar preocupada com o crescimento das igrejas evangélicas.
“A Igreja Católica no Zimbábue é muito fechada e conservadora. As cerimônias alegres e festivas ficam por conta dos templos pentecostais, que vêm atraindo mais fiéis. Só que aqui me dei conta de que o catolicismo também pode ser assim e espero poder levar isso ao meu país”, afirmou ela, que encarou mais de 30 horas para vir ao Brasil.
Agenda
Após a confissão dos jovens na Quinta da Boa Vista, o papa se encontrará brevemente com alguns jovens detentos no Palácio Arquiepiscopal São Joaquim, residência oficial do arcebispo do Rio, Dom Orani Tempesta, na Glória, na zona sul da cidade.
O pontífice deverá permanecer no local até depois do almoço, quando volta à residência do Sumaré, onde está hospedado.
No fim da tarde, Francisco participa da Via Crúcis com os jovens na Orla de Copacabana. Lá, fará um discurso.
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