Na comédia romântica “À Procura do Amor”, um dos últimos filmes de James Gandolfini, uma novidade está mesmo na presença do ator, que morreu em junho passado, aos 51 anos, num papel muito diferente dos durões que encarnou no cinema e na TV.

Distanciando-se do celebrado Tony Soprano, da série “Família Soprano”, ele revela talento e sensibilidade para interpretar Albert, um arquivista de uma biblioteca audiovisual de televisão, divorciado e solitário.

Numa festa, ele encontra Eva (Julia-Louis Dreyfuss), massagista, também divorciada, como ele, mãe de uma filha que está saindo de casa para cursar a universidade.

Algumas diferenças deste filme, escrito e dirigido por Nicole Holofcener (“Sentimento de Culpa”), em relação à média das produções do gênero, é apostar em protagonistas mais maduros e não criar um caminho previsível nem adocicado demais na aproximação romântica dos protagonistas.

Ambos trazem na bagagem compreensíveis traumas do casamento anterior e demonstram suas hesitações nos estágios iniciais do romance, que contribuem para criar simpatia para os dois.

A encrenca está em que, na mesma festa, Eva conheceu uma futura nova cliente, Marianne (Catherine Keener). Poeta, sofisticada, ela encanta Eva por ser uma espécie de mulher que ela, mais simples e relaxada por natureza, nunca foi. Tornam-se amigas e confidentes antes que Eva perceba que ela é a ex-mulher de Albert. E que fala horrores dele.

Lembrando muito sua inesquecível Elaine Benes, a personagem do seriado “Seinfeld”, Eva sente-se numa armadilha: conta a Marianne que está namorando seu ex e perde a cliente e amiga? Revela a Albert a situação? Ela não consegue fazer nenhum dos dois. Insegura, leva a sério demais os comentários ácidos de outra amiga, Sarah (Toni Collette), uma terapeuta que vive um casamento acomodado com Will (Ben Falcone).

Engasgando nesse dilema mais do que devia, “À Procura do Amor” perde um pouco de fôlego. Nada que transforme o filme num desastre, bem ao contrário.

Trata-se de uma comédia com adultos, para adultos, que não dispensa a interferência de algumas simpáticas personagens jovens -caso da filha de Eva, Ellen (Tracey Fairaway), e sua amiga carente, Chloe (Tavi Gevinson). A relatividade das visões de mundo das duas fases da vida entra em foco, a favor de um maior equilíbrio e ternura.