Irmão de operário morto critica Corinthians e Andrés: “cabra sem vergonha”

A declaração de Andrés Sanchez, ex-presidente do Corinthians, de que o operário Ronaldo Oliveira dos Santos, morto no acidente que destruiu parte do Itaquerão na última quarta-feira, estava dormindo em um local inapropriado no momento da tragédia revoltou a família do trabalhador. “Isso é coisa de cabra sem vergonha que não sabe da história”, afirmou […]

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A declaração de Andrés Sanchez, ex-presidente do Corinthians, de que o operário Ronaldo Oliveira dos Santos, morto no acidente que destruiu parte do Itaquerão na última quarta-feira, estava dormindo em um local inapropriado no momento da tragédia revoltou a família do trabalhador. “Isso é coisa de cabra sem vergonha que não sabe da história”, afirmou Paulo Renato Oliveira dos Santos, irmão do operário.

Na quarta, logo após o acidente, Andrés afirmou que na hora do acidente Ronaldo descansava em um túnel. “Ele mesmo sabia que não deveria estar lá. Ele estava cochilando, não deu tempo de sair”, falou o ex-presidente corintiano.

Paulo Renato também disparou contra a ideia da diretoria corintiana de fazer com que os jogadores usem um uniforme com o nome dos dois operários que morreram no acidente. “Eu quero saber é depois, na segunda-feira. Isso não vai trazer a vida do meu irmão de volta. Como é que vai ficar a minha mãe, a mulher dele, e as duas filhas?”

Vale lembrar que a obra possui um seguro que cobre, inclusive, possíveis indenizações a familiares de operários envolvidos em acidentes no local, mas ainda não há nenhum posicionamento oficial de como esse dinheiro será utilizado ou o valor que será repassado às famílias dos mortos no acidente.

Ronaldo, de 44 anos, morava em São Paulo há cinco meses. “A gente chegou a descascar coco vivo para comer com farinha para enganar a fome”, conta Paulo Renato. Isso aconteceu quando Paulo tinha cinco anos e Ronaldo tinha 12. Mais tarde, como a vida não melhorava, o jeito foi vir para São Paulo. Voltaram para Caucaia, região metropolitana de Fortaleza, há 20 anos. Há cinco meses, porém, Ronaldo tentou mais uma vez a vida na capital paulista.

Ele foi em busca de sobrevivência para a família e juntar dinheiro para tentar comprar uma moto, sonho de boa parte dos caucaienses. “Chega rápido em qualquer lugar”, diz o irmão.

Como todo operário que fica longe da família, ligava todas as noites para a mulher Jamille e para as filhas Juliane, de 12 anos, e Julle, de 17.

Uma das coisas de que mais gostava era ler, principalmente jornais e revistas. “Ele lia o tempo todo. Eu dizia para ele, brincando: vou botar você na Academia Brasileira de Letras”, diz Paulo Renato.

Primo do prefeito de Caucaia, Washington Luiz de Oliveira, Ronaldo deve ser enterrado na manhã desta sexta-feira na localidade de Sítios Novos. Washington decretou luto oficial de três dias na cidade pela morte de Ronaldo.

A reportagem do UOL Esporte entrou em contato com a assessoria de Andrés Sanchez para ouvir sua posição sobre as críticas do irmão do operário morto, mas o dirigente preferiu não se pronunciar sobre o assunto.

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