Investigação aponta adição de água oxigenada em nova fraude no leite no RS
Após desmanchar um esquema que adicionava formol e ureia no leite, o Ministério Público (MP) descobriu uma nova fraude no Rio Grande do Sul. Desta vez, os suspeitos colocavam água oxigenada no produto. A constatação é resultado da terceira fase da Operação Leite Compen$ado, que ocorreu nesta quinta-feira em Três de Maio, noroeste do Estado. […]
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Após desmanchar um esquema que adicionava formol e ureia no leite, o Ministério Público (MP) descobriu uma nova fraude no Rio Grande do Sul. Desta vez, os suspeitos colocavam água oxigenada no produto. A constatação é resultado da terceira fase da Operação Leite Compen$ado, que ocorreu nesta quinta-feira em Três de Maio, noroeste do Estado.
As investigações apontam que o transportador Airton Jacó Reidel, 31 anos, chefia uma quadrilha formada pela mulher dele, Rejane Dias, 32 anos, e pelos sobrinhos, Roberto Carlos Baumgarten e Laércio Rodrigo Baumgarten. Os dois últimos são os motoristas do grupo, enquanto Rejane é sócia do marido e proprietária de todos os bens adquiridos por meio do crime.
Segundo o Ministério Público, o grupo adicionava produtos químicos ao leite in natura para mascarar a adição da água e aumentar o volume do produto final para, com isso, elevar a lucratividade. A prática causa redução do valor nutritivo do leite e sérios riscos à saúde dos consumidores. Além disso, eles também colocavam peróxido de hidrogênio (água oxigenada) para elevar a durabilidade do leite, já que o produto químico atua como bactericida. Na prática, o grupo comprava leite prestes a vencer por preço até 50% inferior ao do mercado e, após adicionar a água oxigenada, repassava para a indústria. O produto elimina as vitaminas A e E e, em altas concentrações, prejudica a flora intestinal.
A investigação apurou ainda que Reidel construiu um galpão com portão de correr para que os caminhões, assim que entrassem, fossem escondidos. Isso serviu para despistar a movimentação logo depois da primeira fase da Operação Leite Compen$ado. Nos 15 dias subsequentes à ação, as atividades da quadrilha foram paralisadas.
Durante a ação nesta quinta-feira estão sendo cumpridos mandados de busca e apreensão em quatro locais de Três de Maio. Entre o material recolhido estão anotações, notas fiscais e documentos, além de produtos químicos. Também há mandados de busca e apreensão contra três caminhões de transporte de leite. A ação tem apoio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e da Receita Estadual.
A descoberta da fraude
A fraude foi descoberta após informes da Laticínios Bom Gosto (Grupo LBR) enviados ao MP. A prática é resultado da assinatura de Termo de Ajuste de Conduta (TAC) para a melhoria do controle de qualidade do leite recebido.
Três relatórios do laboratório da Univates, credenciado pelo Ministério da Agricultura, apontaram presença de água oxigenada, o que é proibido pelas normas da Anvisa. De acordo com os laudos de condenação de carga de leite da Laticínios Bom Gosto, duas delas, transportadas pelo Transportes Reidel & Dias Ltda, foram rejeitadas em 12 e 15 de outubro devido à presença de peróxido de hidrogênio. A Comércio de Laticínios Mallmann Ltda rejeitou uma carga em 14 de outubro.
No laudo, a empresa afirma: “lembramos que análise positiva para peróxido de hidrogênio é fraude. Por meio da adição de peróxido de hidrogênio (água oxigenada), uma ação fraudulenta ao leite, busca conservar suas propriedades físico-químicas, inibindo o desenvolvimento de microrganismos contaminantes. Esse tipo de fraude mascara deficiências da higiene nas etapas de ordenha, acondicionamento e transporte”.
Conforme relatório da Receita Estadual, Reidel foi o responsável, no último ano, pela compra de 25 quilos de bicarbonato de sódio, 400 quilos de hidróxido de sódio e 110 quilos de peróxido de hidrogênio. O promotor Mauro Rockenbach foi até a região ainda durante o final de semana para acompanhar a movimentação do grupo, bem como a realização de testes laboratoriais. Uma equipe do Laboratório Nacional Agropecuário (Lanagro) foi enviada para o município de Boa Vista do Buricá, vizinho a Três de Maio, onde foram feitas análises para a detecção de água oxigenada e outros solutos no leite coletado dos transportadores.
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