Índios bloqueiam acesso e dão 24 horas para casal deixar fazenda em Aquidauana

Os índios terenas, que invadiram a Fazenda Esperança, em Aquidauana – a 143 quilômetros de Campo Grande – deram 24 horas para a proprietária das terras, Mônica Alves Correa, e o esposo, deixarem o local. Desde às 6h de hoje (31), cerca de 500 índios estão acampados em volta da sede. Segundo Edna Ditimar, que é […]

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Os índios terenas, que invadiram a Fazenda Esperança, em Aquidauana – a 143 quilômetros de Campo Grande – deram 24 horas para a proprietária das terras, Mônica Alves Correa, e o esposo, deixarem o local. Desde às 6h de hoje (31), cerca de 500 índios estão acampados em volta da sede.

Segundo Edna Ditimar, que é proprietária da Fazenda Santa Cruz, vizinha da Esperança, Monica ligou às 7h para pedir ajuda. “Recebi a ligação da Mônica bem cedo, ela falou que um grupo de indígenas chegou à fazenda e está na varanda. Eles não entraram na sede, mas estão acampados lá”, disse.

A vizinha ainda afirmou que o grupo de terenas garantiu que nas 24 horas de prazo nada acontecerá com os proprietários das terras. Entretanto, após esse período, nada está garantido.

Atualmente, existem seis aldeias indígenas no perímetro do município de Aquidauana, além da aldeia  de Taunay-Ipegue. Imbirussu, Lagoinha, Morrinho, Bananal, Ipegue e Água Branca são as aldeias a região. Edna saiu em defesa dos índios e explicou que a maioria não optou pela ocupação.

“Das seis aldeias da região, só duas invadiram as terras da Mônica. Só os índios da Lagoinha e da Bananal”, explicou. Ainda de acordo com a vizinha, depois entrarem na Fazenda Esperança, os índios bloquearam a única estrada que dá acesso à propriedade.

Conforme informações da irmã de Mônica, a médica Miriam Alves Correa, os índios estão no local e aguardam orientações da Funai (Fundação Nacional do Índio). “Depois das 24 horas, eles não garantem mais nada. Estamos reféns no meio de uma situação onde ninguém sabe o que fazer”, diz  Miriam, que está em Campo Grande.

Ela conta que procurou orientação nas polícias Federal e Civil, mas não conseguiu solução para a invasão. “Estamos em um feriado judiciário, não temos para onde recorrer. Procurei ajuda na Famasul, em sindicatos, na Polícia Federal, que não faz boletim de ocorrências, e na Polícia Civil”, reclama a mulher.

Herança de família

Segundo Miriam, a Fazenda Esperança é herança do fundador da cidade de Aquidauana, Estevão Alves Correa. Ela possui cerca de cinco mil hectares e está em posse da família há mais de 100 anos, antes da Guerra do Paraguai.

“A negociação começou com o pai do meu bisavô, que é fundador da cidade”, lembra. Ainda de acordo com Miriam, a documentação das terras está legalizada e existe na esfera administrativa do Ministério da Justiça uma ação de demarcação com a Funai, que ainda não foi julgada.

“Precisamos de uma solução para esse conflito. Minha irmã e o marido dela estão lá a mercê de uma omissão do Governo Federal. Precisamos de uma solução senão vai morrer mais gente inocente por causa dessa confusão que o Ministério da Justiça poderia julgar com tranquilidade”, conclui Miriam.

Para a médica, o Governo Federal está omisso em relação aos conflitos por terras em Mato Grosso do Sul. Ela acredita que índios e produtores rurais são vítimas da União.

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