O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), falou nesta segunda-feira sobre as denúncias de corrupção envolvendo servidores da prefeitura. Em entrevista ao jornal Manhã Bandeirantes, da Rádio Bandeirantes, o prefeito afirmou que iria “levar até as últimas consequências esse trabalho (de investigação)”. Ao todo, 16 novos inquéritos foram instaurados contra funcionários suspeitos de participar do esquema de fraudes que pode ter causado prejuízos de até R$ 500 milhões aos cofres do município. Ainda segundo o prefeito, “a sintonia entre a controladoria e o MP (Ministério Público) tem sido perfeita”.

“A nossa administração está sujeita a essa investigação, outra coisa é o caso de 2008 (quando Gilberto Kassab ainda era prefeito)”, disse. O prefeito ainda comunicou que seu secretário Antonio Donato o comunicou, dizendo que havia sido procurado pela para dar explicações sobre o suposto esquema.

Donato é citado em uma escuta telefônica autorizada pela Justiça pelo recebimento de R$ 200 mil do auditor Luis Alexandre Camargo Magalhães. O auditor é um dos quatro servidores da prefeitura presos na semana passada por formar um esquema de propinas para sonegação de impostos na gestão Gilberto Kassab (PSD). O secretário e o valor são citados em uma conversa entre Magalhães e sua ex-amante. “Vou ligar para o Donato amanhã porque eu não liguei para ele ainda. E vou falar: você lembra que recebeu R$ 200 mil do Luis Alexandre para a sua campanha eleitoral?”, diz a ex-companheira em um dos trechos da escuta.

O secretário nega ter recebido dinheiro do suspeito ou de qualquer outro membro do grupo. De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, o Ministério Público apura denúncia que o montante teria sido usado na campanha de Donato para vereador em 2008. No entanto, o valor relatado na investigação seria a metade, R$ 100 mil.

Em nota, Donato disse que o recurso da campanha eleitoral foi aprovado pela Justiça e que considera isso uma atitude para tentar atingir a administração (da prefeitura Haddad). Magalhães, que estava preso temporariamente, foi solto no início da madrugada desta segunda-feira do 77º Distrito Policial (Santa Cecília), no centro, onde se encontrava detido desde a última quarta-feira. Na semana passada, Magalhães foi preso juntamente com Ronilson Bezerra Rodrigues, Eduardo Horle Barcellos e Carlos Augusto di Lallo Leite do Amaral por suspeita de participação na fraude milionária.

Na sexta-feira, o Tribunal de Justiça São Paulo havia determinado a prorrogação por mais cinco dias das prisões temporárias de três dos quatro auditores fiscais acusados de participarem do esquema. Como Magalhães decidiu colaborar com as investigações e firmou um termo de delação premiada, o Ministério Público não solicitou a prorrogação de sua prisão, e por isso ele foi liberado.

Nesse domingo, os quatro auditores deixaram o 77º DP para realizar exame de corpo de delito no Instituto Legal (IML) do Hospital das Clínicas. Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP) paulista, todos terminaram os exames por volta das 18h. A pasta não informou o horário em que eles deixaram o DP e nem quanto tempo levou o procedimento.

Também na última sexta, a prefeitura de São Paulo anunciou mudanças no processo do recolhimento do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS). O recolhimento do ISS – calculado sobre o custo total da obra – é necessário para que o empreendedor obtenha o “habite-se”. Os auditores fiscais emitiam guias com valores ínfimos e exigiam dos empreendedores o depósito de altas quantias em suas contas bancárias. Sem isso, os certificados de quitação do ISS não eram emitidos e o empreendimento não era liberado para ocupação.