“Habi, a Estrangeira” retrata uma conversão ao islamismo

Analía (Martina Juncadella) é uma garota do interior, que vem a Buenos Aires para entregar uma encomenda. Quando entra em contato com a comunidade muçulmana da capital, interessa-se o bastante para deixar para trás a própria identidade e transformar-se em Habiba Rafat, que usará xador, aprenderá árabe e estudará o Alcorão. O quanto esse plano […]

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Analía (Martina Juncadella) é uma garota do interior, que vem a Buenos Aires para entregar uma encomenda. Quando entra em contato com a comunidade muçulmana da capital, interessa-se o bastante para deixar para trás a própria identidade e transformar-se em Habiba Rafat, que usará xador, aprenderá árabe e estudará o Alcorão.

O quanto esse plano foi pensado de antemão, ou é um produto do acaso, é um dos muitos mistérios de “Habi, a Estrangeira”, em que a estreante em longas argentina María Florencia Álvarez equilibra-se nos limites do laconismo para contar sua história.

Econômico nas explicações sobre os motivos da transformação de Analía em Habi, o enredo se dedica a mostrar suas ações. É com naturalidade que ela se despoja das antigas roupas, assumindo o vestuário muçulmano, e encontrando hospedagem numa pensão modesta -em que a filha da dona, em mais um deslocamento cultural, recusa-se a falar a língua local, expressando-se somente em inglês.

Encaixando-se na nova comunidade, Habi encontra trabalho numa mercearia, em que o filho do dono, Hassan (Martin Slipak), demonstra interesse por ela. Há um bocado de pensamento mágico na maneira como ela reinventa seus laços sociais, sem levar em conta que os sentimentos alheios possam vir numa direção oposta à sua.

É o caso de seu relacionamento com Margarita (a atriz brasileira Maria Luísa Mendonça), que é vizinha de seu quarto na pensão. Mulher vivida e aprisionada numa relação doentia com Horacio (Diego Velásquez), Margarita é um contraponto à inocência e inexperiência de Habi.

Escondendo as motivações e a história passada de Habi, o filme mantém em aberto o alcance de sua experiência como muçulmana -trata-se de uma busca autêntica de uma nova fé ou apenas de uma identidade inteiramente diferente? Nem mesmo sua melhor amiga e guia Jazmín (Lucía Alfonsín) sabe aonde ela quer chegar.

Coproduzido entre Argentina e Brasil -um dos produtores é o também diretor Walter Salles- “Habi, a Estrangeira” se arrisca entre gêneros para manter-se fiel a uma dramaturgia rarefeita, que encontra sua melhor sustentação nos bons atores Martina Juncadella, Martin Slipak e Maria Luísa Mendonça.

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