Gás lacrimogêneo voa no Cairo enquanto Constituição egípcia toma corpo

Forças de segurança egípcias dispararam gás lacrimogêneo na praça Tahrir, no Cairo, para dispersar manifestantes anti-governo neste domingo, em um momento em que a nova Constituição que reforça o poder político dos militares está perto de ficar pronta. O esboço da Constituição reflete como o balanço de poder mudou no Egito desde que generais seculares […]

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Forças de segurança egípcias dispararam gás lacrimogêneo na praça Tahrir, no Cairo, para dispersar manifestantes anti-governo neste domingo, em um momento em que a nova Constituição que reforça o poder político dos militares está perto de ficar pronta.

O esboço da Constituição reflete como o balanço de poder mudou no Egito desde que generais seculares derrubaram o presidente islâmico Mohamed Mursi, em julho, após muitos protestos contra seu governo.

O documento contém elementos que podem até implicar na proibição total de partidos islâmicos.

A Constituição precisa ser aprovada em referendo antes de novas eleições, das quais o partido Irmandade Muçulmana, de Mursi, não deve participar por motivos de segurança e por suas atividades terem sido proibidas.

“O povo quer derrubar o regime”, cantaram centenas de manifestantes que foram à praça Tahrir, epicentro do levante contra o presidente Hosni Mubarak, em 2011.

Embora tenha durado apenas meia hora antes da ação das forças de segurança, o protesto parece ter sido o maior de simpatizantes da Irmandade na Praça Tahrir desde a queda de Mursi. “Com nosso sangue e nossa alma, nos sacrificamos por você, Islamismo”, cantaram alguns.

Um manifestante escalou um poste de luz e pendurou uma fotografia de Mursi. Outros fizeram o gesto com os quatro dedos, que mostra simpatia pelas centenas de apoiadores de Mursi que foram mortos pelas forças de segurança no Cairo, em 14 de agosto.

Alguns manifestantes disseram que não são da Irmandade. “Eu quero que Sisi saia e que o governo militar chegue ao fim”, disse Ramez Ibrahim, 32 anos, professor de ciência política, em referência ao chefe das forças armadas general Abdel Fattah al-Sisi.

Veículos do exército movimentaram-se para dispersar os manifestantes e depois fecharam a praça completamente. Alguns pedestres xingaram os protestantes, outros demonstraram apoio. Mais cedo, participantes do protesto colocaram fogo em um caminhão da polícia perto da Universidade do Cairo.

O governo diz que está determinado a implementar uma lei aprovada semana passada que restringe fortemente os protestos. Criticada pelos Estados Unidos, a lei tem levantado receios de democratas a respeito do futuro das liberdades políticas no Egito.

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