‘Fingi estar morta’, diz mãe que escapou com os dois filhos de ataque no Quênia

Uma das imagens mais icônicas do ataque ao shopping Westgate, no Quênia, no mês passado, foi a de uma mãe deitada no chão com os dois filhos tentando se esconder dos atiradores. Seu nome é Faith Wambua. Ela estava no centro comercial com a filha de nove anos, Sy, e o filho de Ty, de […]

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Uma das imagens mais icônicas do ataque ao shopping Westgate, no Quênia, no mês passado, foi a de uma mãe deitada no chão com os dois filhos tentando se esconder dos atiradores.

Seu nome é Faith Wambua. Ela estava no centro comercial com a filha de nove anos, Sy, e o filho de Ty, de 1 ano e nove meses, quando o ataque aconteceu.

Faith passou quatro horas e meia fingindo-se de morta e garantindo que as crianças ficassem quietas, até serem resgatados pelo policial Iyad Adan.

Ela ouviu uma mulher ser morta a dois metros de onde estavam escondidos e relatou os momentos de agonia que passou ao repórter da BBC Gabriel Gatehouse.

“Nós estávamos procurando o florista quando ouvimos um barulho muito alto: ‘bang’. Eu achei que o prédio estava caindo e que a melhor coisa a fazer era deitar em uma área aberta.

Então eu disse às crianças: ‘deitem-se, deitem-se’. Eu achei que se tratava de um roubo e que em seis minutos estaria tudo resolvido. Mas o tempo passou e ninguém apareceu para dizer ‘ok, podem levantar, eles se foram’.

Minha filha começou a rezar alto dizendo: ‘Jeová, jeová, por favor, nos proteja’.

Eu lhe pedi que abaixasse o volume por medo que ela denunciasse nossa localização.

Eu não sabia o que estava acontecendo, só tinha certeza de que tinha de manter as crianças quietas.

Estava preocupada com meu filho porque ele estava havia horas sem comer e temia que levantasse e começasse a chorar. Então coloquei meu dedo em sua boca para confortá-lo.

Cheiro de pólvora

Havia muitos cacos de vidro e lascas de concreto em volta da gente. Peguei um pedacinho de concreto e comecei a brincar com meu filho, fingindo que aquilo era um inseto. Ele adora insetos. Brincamos com aquilo por quase uma hora. Foi incrível ele ter ficado quieto por tanto tempo.

Num dado momento, eles (atiradores) chegaram muito perto. Eu podia sentir o cheiro de pólvora e ouvir os cartuchos de balas caindo no chão. Sabia que a gente ia morrer. Então comecei a cantar baixinho uma música sobre ressurreição.

Eles então se aproximaram de uma mulher que estava deitada a cerca de dois metros de nós. E chamaram: ‘mama, mama’. Não sabia se estavam falando comigo ou com ela, mas sabia que não podia levantar a cabeça.

A mulher então respondeu e, menos de cinco segundos depois, ouvi dois tiros e a mulher se calou. Ela começou a gemer: ‘Eu estou morrendo, estou morrendo, mas eu não podia fazer nada’.

E sabia que seríamos os próximos.

Foi quando um milagre aconteceu. Não sei como não nos viram, estávamos tão perto dela.

Resgate

Um tempo depois senti alguém tocando na minha mão e pensei: Meu Deus, eles nos acharam.

A pessoa então disse: ‘Mama, mama, mama, você está bem?’ Nesta hora eu realmente me fingi de morta.

‘Mama, mama, você está bem?’ Ele perguntou de novo e eu não disse nada. Ele começou a se mover e se posicionou à nossa frente.

Ele encostou no meu filho e depois na minha filha e ela decidiu confiar nele. Ela levantou a cabeça e perguntou: ‘Quem é você?’

Ele então respondeu: ‘Eu sou um policial’. Neste hora eu levantei minha cabeça e olhei para ele. No início estava cética porque ele estava vestindo um paletó, mas depois me mostrou seu uniforme.

Ele disse: ‘Estou aqui para ajudar vocês’. E minha filha disse: ‘Como eu posso saber que você não é um dos moços ruins’?

Ele então nos mostrou policiais posicionados nos andares de cima apontando para várias direções. Ele então nos pediu para levantar. Ele foi muito gentil e até me lembrou de pegar minhas chaves. Pegou meu filho no colo e minha filha saiu andando na frente.

E foi assim que a gente conseguiu escapar.”

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