Falta d’água castiga 30 mil famílias em assentamentos

A falta de água nos 178 assentamentos de Mato Grosso do Sul está castigando as 30 mil famílias assentadas no Estado. Os problemas vão desde a falta de poços artesianos, baixa no volume de água, falta de manutenção ou pagamento da energia elétrica o que impossibilita a utilização das bombas nos poços. Deste total, 1.060 […]

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A falta de água nos 178 assentamentos de Mato Grosso do Sul está castigando as 30 mil famílias assentadas no Estado. Os problemas vão desde a falta de poços artesianos, baixa no volume de água, falta de manutenção ou pagamento da energia elétrica o que impossibilita a utilização das bombas nos poços. Deste total, 1.060 famílias estão totalmente sem água em 10 assentamentos, por falta de poços. Para sanar o problema, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra-MS) anuncia investimentos de R$ 12 milhões para implantar novos poços nos assentamentos do Estado. O valor foi anunciado pela presidente substituta do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Érika Galvani Borges, em recente reunião no Incra do Estado.

De acordo com o Incra, estes investimentos vão priorizar as áreas onde não existem os poços artesianos. Nestas localidades, as famílias estão totalmente sem água. Os assentamentos nestas condições são: Torre de Pedra (36 famílias) e Liberdade Camponesa (50), ambas em Corguinho, Ouro Branco (86) e 7 de setembro (159), em Terenos, Matão, em Bandeirantes, (53 famílias), Itaqui e Pé de Sedro, em São Gabriel do Oeste (175), Patativas do Assaré, em São Gabriel do Oeste (45 famílias), Canoas, em Selvíria (185), Indaiá I, II, III e IV, em Aquidauana (253), Estrela Jaraguari, em Jaraguari (18), totalizando 1.060 famílias totalmente sem água.

Segundo o Incra, os investimentos, já em caixa, vão possibilitar a construção de em média três poços por assentamentos, conforme a demanda. As obras já estão sendo iniciadas. Além da falta de poços, os assentamentos também enfrentam problemas nos poços existentes, como a quebra de equipamentos ou falta de pagamento da energia elétrica. É o caso do assentamento Itamarati, o maior em número populacional do Brasil, localizado em Ponta Porã. O núcleo urbano, formado por 500 famílias, sofreu interrupção da energia por falta de pagamento. Sem luz, as bombas dos poços artesianos não funcionam e a falta de água castigou os moradores. De acordo com o presidente da Associação, José Roberval Barbosa Leila, o problema foi tão grave no que por pouco os moradores não fecharam rodovias. Foi necessária uma efetiva intervenção da associação.

Segundo José, a comunidade ficou revoltada porque não foi informada sobre a interrupção da energia elétrica. Somente na Itamarati a dívida seria de R$ 400 mil; valor que se acumula desde 2010. A interrupção, só não ocorreu antes devido a serviços essenciais que são prestados no local. Com o corte, ocorrido na semana passada, nem estes atendimentos teriam sido assegurados. “Ficamos 4 dias totalmente sem água. As crianças não puderam ir para a escola e os pacientes foram prejudicados nos atendimentos nos postos de saúde”, relata.

Membro da Associação, Francisco Ferreira diz que o Incra precisa regulamentar a situação dos assentamentos do Estado. “Diante do fato da falta de pagamento, nós da Associação resolvemos iniciar uma nova conta no nome da entidade que será rateada entre os moradores. Se não fosse assim, até agora estaríamos sem água. Cada um vai contribuir com uma taxa mensal para pagar a conta do Núcleo Urbano. Mesmo assim nós esperamos do Incra uma solução para que cada usuário pague o que realmente gastou de energia”, destaca, observando que para garantir o restabelecimento do serviço foi necessária até mesmo a intervenção do Ministério Público Federal.

Em relação a interrupção de energia no assentamento Itamarati, o Incra informou que já está negociando a dívida com a Enersul e que pediu a reativação do serviço. Disse que a responsabilidade do Incra é entregar os assentamentos com condições de água e energia, e que posterior a isto, a responsabilidade pela manutenção de poços e serviços, bem como pagamentos é de responsabilidade das associações. Em relação a dívida de R$ 400 mil, disse que vai arcar com a Enersul. As novas contas já serão de responsabilidade da Associação.

Foi apurado que em um assentamento em Bataguassu, os moradores garantiram através da intervenção do Ministério Público Federal que a Enersul anexasse na conta de energia a tarifa de água mensal. A forma de pagamento deverá ser decidida pela associação.

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