Experiência de guerra ajuda no atendimento a famílias em Santa Maria

A tragédia de Santa Maria, onde mais de 230 pessoas morreram em um incêndio ocorrido no último domingo, fez com que as equipes que prestam atendimento psicológico usassem a experiência de quem já enfrentou guerras no Congo e a catástrofe do Haiti para organizar o atendimento de todos aqueles que perderam entes próximos. O atendimento […]

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A tragédia de Santa Maria, onde mais de 230 pessoas morreram em um incêndio ocorrido no último domingo, fez com que as equipes que prestam atendimento psicológico usassem a experiência de quem já enfrentou guerras no Congo e a catástrofe do Haiti para organizar o atendimento de todos aqueles que perderam entes próximos.

O atendimento e toda a estrutura de suporte para aqueles que enfrentaram a tragédia de alguma forma foi organizado com base na experiência repassada por psicólogas que fazem parte da representação brasileira da Cruz Vermelha, que estiveram em Santa Maria logo após o incêndio e capacitaram as equipes que atuam na cidade.

“Eles fazem o cálculo com base no número de habitantes da cidade, 65% da população afetada consegue superar os efeitos da tragédia com a ajuda de familiares, amigos e grupo social, 25% precisam de atenção psicológica e atendimento psicológico e, de 1% a 4%, podem desenvolver algum tipo de transtorno psicológico”, explica a enfermeira responsável por coordenar a força tarefa de atendimento psicossocial das vítimas da tragédia, Adriana Krun.

A coordenadora diz que a rapidez no atendimento é importante para evitar que as pessoas desenvolvem um quadro psicológico mais grave que necessite de medicamento ou internação. “As psicólogas disseram que em dias fizemos o que eles costumam fazer em uma semana, foi tudo muito rápido, cada dia parece que foi uma semana”, conta.

Segundo ela, foram formados sete grupos, divididos por funções para prestar o atendimento em diferentes pontos da cidade. São mais de 200 pessoas que se dividem em turno para atender não apenas aqueles que perderam alguém, como também os profissionais que atuaram na linha de frente logo após a tragédia. “É por causa dos voluntários que estamos conseguindo realizar todo esse trabalho”, diz Adriana com olhos cheios de lágrimas ao falar da mobilização de todos que ajudaram espontaneamente.

A primeira equipe faz o atendimento por meio dos telefones (55) 3921-7144 e (55) 9167-4026, outro grupo faz as visitas na casa daqueles que pedem atendimento. Uma terceira frente atende as pessoas que comparecem ao Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), a quarta atende os profissionais envolvidos na força-tarefa, além de profissionais no hospitais, para aqueles que ainda estão internados, nos pronto-socorros e nos locais onde ocorrem grandes aglomerações.

“A aproximação não é invasiva, às vezes, nos sentamos ao lado da pessoa, abraçamos, mostramos que estamos do lado delas, elas não precisam falar nada, mas, na maioria dos casos, elas falam”, explica a psicóloga Camila Bevilaqua, que participa da força-tarefa.

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