Ex-piloto de F1 Nelson Piquet lança um sistema de monitoramento
A tecnologia sempre foi uma aliada na vida de Nelson Piquet. Primeiro nas pistas de corrida, onde brilhou como piloto da Fórmula 3, na Inglaterra, e depois na Fórmula 1, na qual sagrou-se o primeiro tricampeão brasileiro da categoria. Quando se aposentou das pistas, em 1992, Piquet tinha duas alternativas: seguir no mundo da velocidade, […]
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A tecnologia sempre foi uma aliada na vida de Nelson Piquet. Primeiro nas pistas de corrida, onde brilhou como piloto da Fórmula 3, na Inglaterra, e depois na Fórmula 1, na qual sagrou-se o primeiro tricampeão brasileiro da categoria. Quando se aposentou das pistas, em 1992, Piquet tinha duas alternativas: seguir no mundo da velocidade, como dono de equipe, ou trilhar outra carreira. De alguma forma, ele manteve um pé nas duas áreas. Pioneiro na produção e venda de equipamentos para sistemas de monitoramento de frotas no País, sua Autotrac, sediada em Brasília, acaba de completar 20 anos.
O negócio prosperou e deve fechar o ano com receita líquida de R$ 280 milhões e uma fatia de 40% do mercado corporativo. Para acelerar ainda mais nas pistas empresariais, Piquet decidiu entrar no varejo com o lançamento de dois sistemas de rastreamento de pessoas, pequenas embalagens e até de animais de estimação, batizados de Autotrac Mini e Autotrac One.
Piquet não esconde que a inspiração para a criação dos produtos é a cultura “big brother”, que cada vez mais avança na sociedade brasileira. “Imagine, por exemplo, você colocar o Mini na mochila de seu filho e saber a que horas ele saiu de casa, o trajeto e a velocidade da van escolar”, diz Piquet, que é controlador e CEO da Autotrac.
“Isso dá um conforto muito grande para os pais e segurança aos filhos.” Ao contrário do produto convencional, que exige um sofisticado sistema de acompanhamento, os aparelhos desenvolvidos pela equipe liderada por Piquet podem ser monitorados através de telefones celulares, tablets, smartphones e iPods. Até conseguir chegar ao formato considerado ideal, os engenheiros da Autotrac trabalharam por dois anos. Boa parte do tempo foi gasta apenas no desenho do software, pela equipe de 150 engenheiros da empresa, situada no campus da Universidade de Brasília.
No período 2012-2013 foram investidos cerca de R$ 20 milhões por ano em pesquisa e desenvolvimento. “Quem atua com tecnologia tem de investir continuamente, caso contrário fica para trás”, diz o ex-piloto. O grande desafio de Piquet nessa empreitada é atuar no varejo, um nicho totalmente desconhecido para ele. Desde que criou a Autotrac, em 1993, ele tem se dedicado ao mercado corporativo.
A negociação com executivos de grandes frotas e de montadoras como Ford e Iveco, que incorporaram produtos e o sistema da empresa em algumas de suas linhas de caminhões, passou a fazer parte da sua rotina. Mas vender serviços desse tipo em um mercado pulverizado é outra história.
Para ganhar escala, a Autotrac criou uma loja virtual em seu site e nomeou distribuidores de norte a sul do País. Caberá a eles garantir a assistência técnica aos produtos. Apesar de seus esforços e de sua grande aposta nesse filão, Piquet evita fazer previsões sobre a contribuição da nova divisão para o faturamento da Autotrac. “Diferentemente do mercado de frotas, onde estamos bem consolidados, no de pessoas físicas ainda existe muito espaço para crescer”, afirma. Detalhe irônico nessa história é que, desta vez, Piquet largou na segunda posição. Logo ele que, ao longo de sua carreira automobilística, sempre brigou pela pole position e considerava o vice-campeão o “primeiro perdedor”.
Quem inaugurou o serviço de rastreamento pessoal foi a Globalsafe, em 2007. Agora, caberá ao primeiro piloto da Autotrac fazer uma “corrida de recuperação”. Contudo, em um segmento que movimenta cerca de US$ 2 bilhões, incluindo o monitoramento de residências, empresas e veículos – e que cresce acima de 10% por ano, de acordo com cálculos da Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança –, oportunidades não faltam. Questionado sobre a influência da F1 em seus negócios, Piquet argumenta que sua carreira de empresário já é mais longeva que a de piloto. Mas garante que as lições aprendidas nas pistas continuam sendo muito úteis. “Assim como na Fórmula 1, no mundo dos negócios o importante é manter o foco no resultado final”, diz ele. “Mas é claro que uma dose de coragem também ajuda.”
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