Estados Unidos irão permitir transplantes de órgãos infectados pelo HIV

O site da prestigiada revista científica Nature trouxe uma reportagem no último dia 13 afirmando que os Estados Unidos estão prestes a derrubar a proibição da aceitação de órgãos de doadores HIV-positivos, o que permitiria transplantes entre os pacientes infectados. A Câmara dos Deputados aprovou a nova legislação no dia 12 de novembro e vai […]

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar

O site da prestigiada revista científica Nature trouxe uma reportagem no último dia 13 afirmando que os Estados Unidos estão prestes a derrubar a proibição da aceitação de órgãos de doadores HIV-positivos, o que permitiria transplantes entre os pacientes infectados. A Câmara dos Deputados aprovou a nova legislação no dia 12 de novembro e vai orientar o governo a desenvolver diretrizes para o estudo posterior de transplantes “positivo-a-positivo”.

Esses procedimentos, segundo pesquisadores, irão ajudar a aliviar a grande procura por doadores de órgãos nos EUA. Mais de 120 mil pessoas estariam na fila, incluindo aquelas com HIV que estão vivendo mais graças aos medicamentos antirretrovirais. Isso sem contar que a maioria dos pacientes com HIV também tem hepatite C e, muitas vezes, só sobreviverá graças a transplantes de fígado.

Esse tipo de transplante já é realizado na Universidade de Cape Town, na África do Sul, desde 2008 pelo cirurgião Elmi Muller. Dos 26 transplantes realizados por Muller, apenas dois falharam. Apesar do sucesso, o médico declarou à Nature que é preciso um estudo contínuo da segurança e eficácia dos transplantes, isso porque mesmo os receptores de órgãos sendo saudáveis, alguns rins, por exemplo, sofreram mudanças estruturais que podem ter sido causadas pelo HIV.

Outro ponto importante citado pela reportagem é a preocupação com uma “superinfecção” quando um paciente HIV-positivo pode receber uma segunda estirpe do vírus transportado pelo órgão do doador, particularmente se a cepa for resistente a medicamentos antirretrovirais.

Também não está claro como os antirretrovirais irão interagir com os medicamentos que os pacientes transplantados tomam para evitar a rejeição ao órgão. Algumas pesquisas sugerem que os indivíduos infectados pelo HIV parecem ser mais propensos a rejeitar novos órgãos.

A reportagem frisa que apesar dessas ressalvas, os pesquisadores estão esperançosos de que a investigação transplantes “positivo-a-positivo” irá produzir informações clínicas valiosas sobre o funcionamento do HIV e o sistema imunológico humano.

“Qualquer fonte potencial de novos doadores deve ser estudada”, afirmou à Nature o cirurgião de transplantes Peter Stock, da Universidade da Califórnia, em San Francisco, acrescentando: “Há tanta coisa ainda a se aprender!”.

Conteúdos relacionados