Especialistas alertam para não suspender anticoncepcional Diane 35 por conta própria
O medicamento foi proibido na França após a morte de quatro mulheres e a Anvisa já divulgou alguns alertas sobre o assunto
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O medicamento foi proibido na França após a morte de quatro mulheres e a Anvisa já divulgou alguns alertas sobre o assunto
Após polêmicas e a divulgação de mortes envolvendo o uso do anticoncepcional Diane 35, especialistas acreditam que a repercussão será de queda nas vendas do produto no mercado de Mato Grosso do Sul. Mas eles alertam sobre a importância de não parar o uso do medicamento por conta própria, ou seja, sem acompanhamento médico.
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) publicou no final do mês de janeiro um informe sobre a pílula Diane 35, destacando os riscos do produto para pacientes com histórico de processos trombóticos, que é a formação de coágulos em veias ou artérias.
A Agência também solicitou que os profissionais da área da saúde redobrem a atenção em relação ao uso desse anticoncepcional e das pílulas genéricas com a mesma formulação. Foi feito o pedido de notificar a agência sobre qualquer reação inesperada.
Essas medidas foram tomadas com a interrupção da venda do comprimido na França, anunciada no dia 30 de janeiro. A suspensão ocorreu porque segundo a agência reguladora do país, nos últimos 25 anos, o medicamento foi responsável pela morte de quatro mulheres vítimas de trombose (formação de coágulos que impedem a circulação do sangue nos vasos).
Prescrição médica
O médico Paulo Saburo Ito, Presidente da Sogomat-Sul (Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia de Mato Grosso do Sul) explicou que apesar da realidade da França ser semelhante ao Brasil, os médicos continuarão prescrevendo o medicamento, quando necessário.
“Conforme a literatura médica, para cada 10 mil pacientes que usam anticoncepcional Diane 35, apenas nove podem desenvolver trombose no mundo. Dentro de um estudo, isso não é considerado significativo”, explicou.
O que agrava o quadro de trombose seria a combinação do estrogênio e progesterona, e o componente sal na fórmula. Segundo o médico, o medicamento surgiu como proposta a problemas dermatológicos e andrológicos, mas é excelente para quem produz muito hormônio masculino e para evitar a gravidez.
“Tudo depende, quando é prescrito e quem prescreve. O pior é parar de tomar o medicamento e ter uma gravidez indesejada, ou trocar por outro com efeitos colaterais nocivos. Até vitaminas tem contra-indicações”, destacou Paulo Ito.
Tanto o médico, como Ronaldo Abrão, presidente do CRF/MS (Conselho Regional de Farmácia de Mato Grosso do Sul) enfatizam a importância da avaliação médica. “Todos os medicamentos devem ser passados pelo médico, assim como antibiótico, que é vendido apenas com receita. É necessário consultar o especialista para analisar riscos e benefícios. Balconista e nem farmacêutico podem mudar medicamentos”, disse Ronaldo Abrão.
O ginecologista e obstetra, Paulo Ito explicou que durante a consulta é possível investigar o melhor medicamento para o perfil de cada paciente. Segundo ele, o médico deve se munir de diversas informações, ao questionar sobre os casos de hereditariedade, eventos de AVC (Acidente Vascular Cerebral), tabagismo, problemas vasculares e entre outros.
“É importante salientar que o medicamento não foi proibido no Brasil, apenas na França. Com certeza, essa repercussão vai afetar o mercado. Mas se pararmos para pensar, as pessoas não podem se desesperar. Por exemplo, a Dipirona é proibida em muitos países, enquanto aqui ela é bastante utilizada. Vamos aguardar, com o tempo a situação será melhor definida.”, destacou Ronaldo Abrão, presidente do CRF/MS.
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