Especialista orienta sobre riscos de preço baixo em cirurgia plástica na Bolívia e Paraguai
Cirurgias no Paraguai e Bolívia podem sair até 90% mais barato que no Brail. Porém especialista alerta para os riscos deste procedimentos.
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Cirurgias no Paraguai e Bolívia podem sair até 90% mais barato que no Brail. Porém especialista alerta para os riscos deste procedimentos.
A maior procura por um corpo perfeito acontece no Verão. Por isso, durante este período os médicos e cirurgiões plásticos ficam em alerta para orientar a população na busca por um procedimento de qualidade e principalmente que proporcione segurança aos pacientes. Na Bolívia e Paraguai, promoções enchem os olhos das pessoas com descontos de até 90% em comparação com os procedimentos no Brasil. Para se ter ideia, uma cirurgia de lipoaspiração em Mato Grosso do Sul custa em média R$ 10 mil e a de implante de prótese de silicone nas mamas cerca de R$ 8 mil. Já nos países vizinhos, as cirurgias chegam a ser oferecidas em sites por até R$ 1 mil.
Em entrevista ao Midiamax, o médico cirurgião plástico Alcides Arruda, presidente da regional MS da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, comentou o motivo da diferença de preço e quais os riscos de realizar cirurgias na Bolívia e Paraguai.
Na Bolívia os procedimentos chegam a ser 90% mais baratos que no Brasil. Por que isso ocorre?
Essas ofertas ocorrem via internet. Lá (Bolívia e Paraguai) oferecem até três procedimentos ao custo de R$ 2 mil. O motivo é que eles não têm o treinamento como aqui no Brasil, com centros de especializações, e nem compromisso com o paciente. Aqui a alta ocorre cerca de dois dias após uma cirurgia mais complexa como o implante de silicone, mas lá eles dão alta e liberam no mesmo dia. Se ocorrer uma complicação o risco é todo dos paciente, que, por sinal, não tem direito algum, pois é estrangeiro. Então eles oferecem o preço baixo já que não tem capacidade, nem realizam um pós-operatório correto. É um grande risco.
O senhor falou que é um risco. Mas quais os perigos e até onde isso pode levar?
Temos diversos casos de pacientes que saíram do Brasil e foram aos países realizar as cirurgias, mas lá morreram. E as pessoas não são apenas daqui do Mato Grosso do Sul, elas vem de todos os estados buscar esse menor preço. O último aconteceu recentemente, com uma senhora de Rondônia, que morreu em um hotel após a cirurgia. Ela foi deixada na fronteira, em Corumbá.
Aqui no Brasil, uma cirurgia plástica não ocorre em menos do que uma semana, desde o primeiro encontro entre o médico e o paciente. Isso ocorre, pois pedimos diversos exames, como de sangue, eletrocardiograma e entre outros pré-operatórios. Temos todos os cuidados para que imprevistos não ocorram e o procedimento aconteça com toda a segurança possível para que não ocorram imprevistos, pois, por menor que seja, é uma cirurgia.
O nível de falta de compromisso com o paciente na Bolívia e no Paraguai é tamanho, que as cirurgias acontecem no mesmo dia que a pessoa chegou ao país, sem exames ou mesmo conversa.
É frequente as pessoas viajarem para fazer estas cirurgias? E porque, mesmo com os riscos, as pessoas ainda viajam?
Não temos números, mas acompanhamos e sabemos que isso é muito frequente. Pessoas vem de todo os estados e usam a fronteira como ponte para chegar aos países vizinhos. Vemos alguns relatos de pessoas que mentem para os familiares dizendo que vão fazer outras coisas, mas na verdade vão fazer a cirurgia plástica.
É um sonho, mas que ocorre na base da sorte e pode acabar com a vida. As pessoas enchem os olhos com os preços superbaixos, mas não pensam nos riscos que estão assumindo em fazer esse procedimento sem os devidos cuidados. Ouvimos relatos que pessoas ouvem que alguém fez e deu certo e acreditam que com elas vai acontecer do mesmo jeito.
Como ocorre um procedimento de cirurgia plástica no Brasil?
Aqui, como comentei, são pedidos diversos exames pré-operatórios. Além disso, todos os hospitais que realizam as cirurgias contam com bolsas de sangue e CTI (Centro de Terapia Intensivo). O pós-operatório também ocorre de forma frequente. O paciente retorna periodicamente, nos primeiros dias, depois no terceiro, sexto mês e assim por diante se houver necessidade.
Além disso, nossos profissionais contam com três anos de especializações em cirurgias plásticas e dois em cirurgias gerais. São cinco anos, além da faculdade. Temos em todo Brasil 81 centros de especializações médicas para preparar o profissional. Somos o segundo país do mundo em qualidade de cirurgias plásticas, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Mesmo assim as pessoas ainda insistem em fazer cirurgias em países que não tem médicos capacitados.
Alcides Arruda, mesmo com estas justificativas, por que as cirurgias plásticas ainda são tão caras?
Não comentamos o preço das cirurgias. Mas para ter uma ideia, em implante de prótese de mama, mais de 30% do valor da cirurgia é referente ao produto. Além disso, é preciso contratar os serviços de anestesia, e outros profissionais da equipe e equipamentos de segurança como a CTI. Isso sempre pensando na segurança do paciente.
Cirurgias estéticas são seguras no Brasil?
Em 2011 foram realizadas mais de 900 mil cirurgias plásticas em todo o Brasil, de acordo com a pesquisa divulgada pela ISASP em parceria com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. Durante este período foram oito mortes. Um número que precisa ser zerado, mas, por ser uma cirurgia, chega próximo ao nosso objetivo. A maioria das cirurgias foram de implante de silicone, que representou 23.32% do total.
Então qual a orientação para quem pretende realizar a cirurgia?
Procure conversar com o médico antes e ter certeza de que ele é um profissional capacitado. Um dos recursos que o paciente tem para isso é o site da Sociedade Brasileira de Cirurgias Plásticas, com todas as informações importantes. A pessoas não deve crescer o olho apenas pelo preço, pois pode causar um risco a sua saúde.
Perfil:
Alcides Martins Arruda é médico formado na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e neste ano comemora 43 anos de profissão. Especializou-se como cirurgião plástico também na cidade carioca em 1977. Hoje aos 70 anos, o especialista reside em Campo Grande, onde veio morar em busca do “El Dourado”, após divisão do estado. Também é presidente da regional MS da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
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