Em alta, preço do boi terá dificuldade para bater recorde

Após registrar forte alta em setembro, o preço da arroba bovina no Brasil pode até continuar subindo, mas dificilmente irá renovar o recorde histórico registrado em 2010, por conta da menor disposição do consumidor em aceitar valores ainda mais elevados para a carne. Uma arroba equivale a 15 kg, e é a unidade geralmente utilizada […]

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Após registrar forte alta em setembro, o preço da arroba bovina no Brasil pode até continuar subindo, mas dificilmente irá renovar o recorde histórico registrado em 2010, por conta da menor disposição do consumidor em aceitar valores ainda mais elevados para a carne.

Uma arroba equivale a 15 kg, e é a unidade geralmente utilizada nas negociações envolvendo bois e carne bovina.

O indicador Esalq/BM&FBovespa, cotado atualmente a cerca de R$ 110 por arroba, encerrou setembro com alta de 6,5%, aproximando-se em valores nominais do recorde de novembro de 2010, perto de R$ 115 por arroba, devido à forte demanda interna e externa.

Mas há um teto para esses preços, segundo a consultora da INTL FCStone Lygia Pimentel e outros especialistas.

Lygia Pimentel considera que o espaço para altas maiores é limitado pelo poder de compra do brasileiro, que consome 80% da produção total de carne e enfrenta níveis crescentes de endividamento.

“O poder de compra do brasileiro está mais baixo por causa do endividamento… O consumo segue em patamar sustentado, mas o ímpeto do brasileiro em aceitar preços mais altos agora é menor”, disse a consultora.

Para alcançar recorde, valor da arroba teria que subir para R$ 131

Cálculos da Informa Economics FNP indicam que a arroba teria que subir para R$ 131 para superar a marca registrada em novembro de 2010, em termos reais, considerando a inflação no período.

“O pico de preços de 2010 ainda não foi atingido em valores reais, pode ser até que iguale, mas é difícil superar… A crise de oferta [de animais] era muito maior no passado”, disse o diretor técnico da Informa, José Vicente Ferraz.

O analista observou que o confinamento –sistema de engorda de animais no período mais seco do ano– ficou abaixo do esperado por conta do alto custo do boi magro.

Além disso, acrescentou, preços relativamente baixos do contratos futuros na BM&FBovespa, usado como referência no cálculo de pecuaristas, também desestimularam o confinamento.

Dados compilados pela INTL FCStone apontam que o confinamento e semiconfinamento –sistema que intercala confinamento com engorda em pasto– deve atingir 4 milhões de cabeças em 2013, abaixo das 4,3 milhões de cabeças previstas no começo deste ano.

O número supera com folga as 2,8 milhões de cabeças confinadas em 2010, ano em que foi registrado o preço recorde da arroba, segundo o acompanhamento da FCStone, mas é menor que o esperado, ressaltam os especialistas.

O coordenador da Agroconsult para a área de pecuária, Maurício Nogueira, considera que esta oferta menor para abate do confinamento tende a manter os preços sustentados pelo menos até o início de 2014, quando a disponibilidade de animais cresce com a entrada no mercado do gado criado no pasto –tipo de criação que predomina no Brasil, o maior exportador global de carne bovina.

Previsão é de aumento nas exportações de carne neste ano

Este cenário de alta nos preços é sustentado pela firme demanda, tanto interna quanto externa.

“Este ano, teremos um dos melhores anos de exportação. As previsões são muito boas mesmo”, disse o analista da Informa.

O dólar mais forte recentemente beneficiou as exportações de carne bovina, melhorando a competitividade do produto brasileiro frente aos principais concorrentes.

A consultora da FCStone, Lygia Pimentel, ressaltou que o volume destinado à exportação neste ano correspondeu a cerca de 20% da produção nacional no acumulado de janeiro a setembro.

As exportações brasileiras de carne bovina somaram US$ 4,16 bilhões no ano até agosto, alta de 14,12% em relação ao faturamento registrado no mesmo período do ano passado, informou a Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes) recentemente.

A entidade espera um faturamento recorde com as vendas externas em 2013.

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