O relatório da criação de empregos no setor privado nos Estados Unidos levou o dólar a apresentar uma nova rodada de alta frente às principais moedas, reforçando a expectativa de que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) pode começar a reduzir os estímulos monetários antes do esperado pelos analistas. No mercado interno, o dólar comercial subiu 0,42% fechando a R$ 2,3890, maior patamar desde 22 de agosto, quando o Banco Central lançou o programa de intervenção diária no mercado de câmbio, após a moeda ter encerrado a R$ 2,4320.

Desde o dia 22 de agosto, o BC vendeu US$ 29,5 bilhões em contratos de swap cambial do programa. O dólar no período ainda acumula queda de 1,77%.

No ano, o estoque de swaps cambiais soma US$ 69,1 bilhões, enquanto a moeda americana sobe 16,94%.

Com o dólar retornando para perto do pico do ano, de R$ 2,4510 atingido em 21 de agosto, e que levou o BC a anunciar o programa de intervenção, o mercado já começa a questionar se a autoridade monetária deve estender o programa para 2014. “O BC já teria que ter antecipado alguma coisa, uma vez que o volume nas duas últimas semanas de dezembro é muito fraco”, afirma Francisco Carvalho, diretor de câmbio da corretora BGC Liquidez.

Hoje a entrada de recursos no período da manhã ajudou a segurar a taxa do dólar no mercado à vista. No mercado futuro, a moeda americana avançava 0,71% cotada a R$ 2,401.

O relatório da criação de empregos no setor privado nos Estados Unidos mostrou que em novembro foram criadas 215 mil vagas, de acordo com a estimativa da Automatic Data Processing (ADP) em parceria com a Moody’s Analytics. O resultado veio acima do esperado pelo mercado, que era de abertura de 178 mil postos de trabalho.

Os investidores aguardam a divulgação da taxa de desemprego na próxima sexta-feira, que é vista como um dos gatilhos para o Fed iniciar a reversão da política monetária.

Hoje o Banco Central divulgou o fluxo cambial de novembro que ficou positivo em US$ 2,540 bilhões, impulsionado pelo superávit de US$ 4,237 bilhões na conta comercial, que acabou compensando a saída líquida de US$ 1,697 bilhão da conta financeira.

Vale lembrar que em novembro foi registrado o ingresso de recursos para o pagamento do bônus do leilão do campo de Libra por parte das empresas privadas que fazem parte do consórcio vencedor, além do ingresso de recursos que teriam sido trazidos pela Vale para o pagamento de R$ 4 bilhões de uma emissão de debêntures de 2006 e para o pagamento da primeira parcela da adesão ao programa de refinanciamento de tributos federais (Refis).

 “O número de novembro foi impulsionado por essas operações, cujos valores devem sair agora no resultado fiscal do setor público de novembro”, destaca Carvalho.

No ano, o fluxo cambial está negativo em US$ 3,481 bilhões, resultado de uma saída líquida de US$ 16,498 bilhões da conta financeira e de um superávit de US$ 13,017 bilhões da conta comercial.