Foi enterrado na manhã desta sexta-feira (6) o corpo do operário Edenilson de Jesus dos Santos, morto no desabamento de um prédio em construção na Vila Leonor, em Guarulhos (Grande São Paulo). O funeral aconteceu no Cemitério Vila Rio, no mesmo município.

O prédio de cinco andares desabou na noite da última segunda-feira (2). Os bombeiros trabalharam por 66 horas até encontrar o corpo sob os escombros. Ele estava prensado entre um pilar e uma viga, na rampa da construção. Edenilson tinha 24 anos e dois filhos. Ele vivia no alojamento da construção.

A Salema Comércio, Construção e Projetos Ltda., responsável pela obra, promete indenizar a família da vítima. A informação é do advogado Maurício Monteagudo, que representa a construtora.

Interdição

Uma casa vizinha à obra permanece interditada pela Defesa Civil de Guarulhos. O desabamento e a remoção dos escombros do prédio derrubaram uma parede do imóvel. Uma família de três pessoas vivia no local e só poderá retornar quando a parede for reconstruída.

A Defesa Civil liberou os outros 12 imóveis que estavam interditados no entorno do desabamento. Segundo o coordenador da Defesa Civil, Paulo Vitor Novaes, os moradores ainda poderão ser obrigados a deixar os imóveis quando a retirada do entulho do prédio for retomada. Esse trabalho de remoção cabe agora à construtora.

A Defesa Civil irá acompanhar a continuidade desse trabalho e monitorar a acomodação do material, além de avaliar novamente a situação dos imóveis vizinhos.

Investigação

O delegado do 5º Distrito Policial de Guarulhos, Geraldo Martim, concentra os trabalhos de investigação na tomada de depoimentos dos operários. Até o momento quatro trabalhadores prestaram depoimento.

O ajudante-geral Erivaldo Jesus dos Santos, irmão de Edenilson e também operário da obra, afirmou à polícia que os operários tinham medo de trabalhar e comentavam entre si sobre as trincas e rachaduras do local.

“Todos tinham que rezar para que o prédio não desabasse e matasse todo mundo”, afirmou Erivaldo. Ele é funcionário de uma empresa terceirizada e trabalhava na obra havia cinco meses. O Ministério Público do Trabalho também investiga se havia irregularidades na obra.

O dono da construtora, Fernando Salema, também deverá ser ouvido pela polícia. As investigações dependem da conclusão do laudo pericial do desabamento, a cargo do Instituto de Criminalística, e do laudo necroscópico sobre a morte de Edenilson, a ser feito pelo IML (Instituto Médico Legal). Os dois documentos devem ficar prontos em 30 dias.

O engenheiro responsável pela obra é investigado pelo Crea-SP (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo) em três processos.