O comandante-geral do Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul, coronel Ociel Ortiz Elias, após tomar conhecimento do incêndio da Boite Kiss, em Santa Maria (RS), que deixou mais de 240 mortos, na madrugada deste domingo (27), explicou como são emitidos os certificados de vistoria para boates, shows e eventos em geral. O coronel disse que para obter o documento é preciso passar por uma análise criteriosa.

Ociel revelou que quando se trata de acontecimento temporário o local é vistoriado antes da realização do evento. Para obter o certificado, o local precisa cumprir os requisitos de ARP (Anotações de Responsabilidade Técnica). O documento avalia desde a metragem do palco, condições de arquibancada, condições elétricas. Todas as anotações precisam ter um engenheiro responsável. O coronel relata que todos os requisitos são exigidos de acordo com a capacidade de pessoas que o local vai abrigar. “São feitos cálculos em relação à quantidade e peso médio das pessoas”, diz.

Se o local for fechado, o coronel disse que é verificado se há saída de emergências, iluminação de emergência. Como exemplo, citou que um local que tem acima de 900m² precisa ter hidrante e alarme de incêndio. Em alguns casos, inclusive, detector de fumaça.

Já quando se trata de ambiente permanente, o comandante-geral revela que antes de emitir o alvará dos bombeiros é preciso fazer um projeto e encaminhá-lo a corporação. O documento é avaliado por uma equipe técnica que libera ou não o projeto. Em caso de negativa, o esboço não é aprovado até a adequação. Se estiver tudo certo é liberado para tocar a diante. Depois os bombeiros fiscalizam se o plano foi tocado na íntegra. Estando tudo de acordo o local recebe alvará com validade de um ano.

O problema é que muitas vezes após obter o alvará dos Bombeiros regras de segurança são violadas. Ociel explica que a corporação cobra as normas de segurança antes de entregar o documento, mas cumprir as regras após obtenção do alvará depende do empresário. “O Bombeiro expede o documento, temporário ou permanente, mas não cabe à corporação fazer a vistoria”, explica.

Acidentes em Campo Grandre

Em pouco mais de um ano, dois incêndios chocaram a cidade. Um por ter deixado dois mortos em um prédio da Plaenge, outro pela proporção do incêndio que assustou a comunidade. O acidente no prédio Leonardo da Vinci, em outubro de 2011, deixou vítimas por negligência.

O edifício, localizado na Rua Amazonas, foi notificado pelo Corpo de Bombeiros um mês antes do incêndio por deixar abertas as portas corta-fogo. A informação na época foi do chefe do departamento de relações públicas, Tenente Coronel De Paula. “Ainda no mês passado notificamos o edifício por deixar as portas corta-fogo abertas. Elas devem ficar fechadas exatamente para evitar que a fumaça e o calor, em um possível incêndio, se alastrasse como aconteceu no domingo”, disse.

No fim do ano passado, o incêndio na loja Paulistão assustou e danificou toda a estrutura do prédio. A loja de brinquedos e artigos de festa localizada na avenida Costa e Silva, em frente ao Terminal Morenão, mobilizou o Corpo de Bombeiros da Capital. A avenida foi interditada, oito viaturas do 1° e 2° GB trabalharam para eliminar as chamas. Ninguém se machucou.