Controle de reflexos pode ajudar pacientes com lesão na medula

Um estudo indica que um regime de treinamento para ajustar os reflexos motores do corpo pode ajudar a melhorar a mobilidade de algumas pessoas com lesão parcial da medula espinhal. A pesquisa foi divulgada nesta terça-feira. Quando o cérebro toma uma decisão de movimento, ele manda um sinal que viaja pela medula até os músculos […]

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Um estudo indica que um regime de treinamento para ajustar os reflexos motores do corpo pode ajudar a melhorar a mobilidade de algumas pessoas com lesão parcial da medula espinhal. A pesquisa foi divulgada nesta terça-feira.

Quando o cérebro toma uma decisão de movimento, ele manda um sinal que viaja pela medula até os músculos apropriados. Por outro lado, durante os reflexos, são os circuitos da medula que proveem ao corpo uma maneira de se mover rapidamente sem uma decisão consciente – quando afastamos nossa mão de uma superfície quente, por exemplo.

Alguns danos à espinha envolvem uma quebra completa dos sinais e, portanto, paralisia abaixo do ponto danificado. Contudo, em outros casos essa perda não é completa e leva a uma incapacidade não tão grave. Nestes casos, alguns reflexos são enfraquecidos, enquanto outros são exagerados. Estes reflexos hiperativos podem levar a rigidez do músculo e padrões anormais de movimento.

O que os cientistas descobriram foi que pessoas que conseguem controlar os reflexos hiperativos têm melhoras ao caminhar. O estudo, liderado por Aiko Thompson e Jonathan Wolpaw, das universidades Colúmbia e de Nova York, envolveu pacientes que sofreram dano parcial na medula, mas ainda conseguiam caminhar. O acidente deles ocorreu entre oito semanas e 50 anos antes do início do experimento

Todos tinham espasticidade (rigidez dos músculos) e habilidade de caminhar debilitada. Os pacientes então passaram pelo tratamento experimental para controlar os reflexos hiperativos. Eles receberam estímulos elétricos no tríceps sural – conjunto de músculos na panturrilha. As primeiras duas semanas consistiram em medições básicas dos reflexos dos pacientes.

Nas 10 semanas seguintes, nove participantes passaram por três sessões de treino semanais, nas quais viam a medição de seus reflexos em um monitor e eram estimulados a suprimi-los. Antes e depois das sessões, os médicos registravam a velocidade com que os participantes caminhavam a distância de 10 metros e monitoravam a simetria de seus passos com um sapato especial.

Dos nove pacientes, seis conseguiram suprimir os reflexos hiperativos. A velocidade da caminhada destes acelerou em média 59% e os passos ficaram mais simétricos – as melhoras não foram registradas nos outros três participantes. Além disso, eles relataram melhoras em outros tipos de movimentos do dia a dia.

“As pessoas tendem a achar que os reflexos são fixos, mas na realidade os movimentos normais requerem constantes ajustes através de reflexos do cérebro. A perda desses ajustes é parte da incapacidade que vem com o dano na medula”, diz Wolpaw. “As descobertas oferecem esperança de que o reflexo condicionado possa produzir significativas melhoras para alguns pacientes que com dano parcial na medula espinhal. É importante notar que esse método se fundamenta sobre ciência básica na fisiologia dos reflexos da espinha”, diz Daofen Chen, diretor de programas do Instituto Nacional de Desordens Neurológicas e Derrames, um dos patrocinadores do estudo.

Os pesquisadores alertam, contudo, que o estudo envolveu poucos participantes e ainda é muito inicial, sendo necessária muita pesquisa pela frente.

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