Construção de ‘estrada-fantasma’ em SP vai custar R$ 145 milhões

O governo de São Paulo planeja construir uma estrada para pouca gente usar. De acordo com os cálculos oficiais do projeto, até 2040, apenas 20% da capacidade da via será ocupada. A obra está orçada em R$ 145 milhões e começa a ser construída em 2014. A eventual “estrada-fantasma”, no total, terá 7,8 km. Ela […]

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O governo de São Paulo planeja construir uma estrada para pouca gente usar. De acordo com os cálculos oficiais do projeto, até 2040, apenas 20% da capacidade da via será ocupada. A obra está orçada em R$ 145 milhões e começa a ser construída em 2014.

A eventual “estrada-fantasma”, no total, terá 7,8 km. Ela vai unir a atual rodovia Carvalho Pinto à rodovia Oswaldo Cruz, uma das ligações entre o Vale do Paraíba e o litoral norte de São Paulo.

Mesmo que a obra receba muitos automóveis, como prevê o governo, cenas como a do feriado da Proclamação da República poderão ser ainda mais frequentes.

A Oswaldo Cruz tem um traçado antigo na região de serra. Por causa do congestionamento, motoristas chegaram a invadir a contramão rumo ao litoral, no último dia 15 de novembro.

O licenciamento ambiental da obra está praticamente pronto. Segundo o governo paulista, a Ecopistas, a concessionária da Carvalho Pinto, que fará a obra, deve entregar o novo trecho em meados de 2014.

O estudo de impacto ambiental da obra, apreciado pelos técnicos do Consema (Conselho Estadual de Meio Ambiente), é que mostra o pouco uso que a estrada terá.

As chamadas simulações de tráfego indicam que, até 2040, apenas 20% da capacidade da via, que é de 8.000 veículos leves por hora, será preenchida pelos usuários da nova rodovia. Isso significa 1.600 veículos por hora.

ERRO

Segundo a Artesp (Agência de Transportes do Estado de São Paulo), que iniciou o projeto da obra, novas projeções feitas na Carvalho Pinto mostram que os cálculos apresentados nos estudos ambientais –documentos oficiais para a obtenção das licenças– estão errados.

Sem detalhar as novas avaliações, a Artesp afirma que a capacidade da rodovia, na sua inauguração, será de aproximadamente 10 mil veículos por dia. Isso representa um pouco mais de 400 carros por hora.

Afirma a Artesp que, ao longo dos anos, o volume de veículos será “muito superior” ao que consta nos estudos apresentados nas audiências públicas.

APARECIDA E RIO

A nova via, que vai funcionar como um prolongamento da Carvalho Pinto, faz parte de um plano do governo de levar a estrada, inaugurada em 1994, até Aparecida.

E, ainda mais no futuro, a ideia é fazer uma nova ligação, totalmente independente da via Dutra, até a cidade do Rio de Janeiro.

Especialistas em transportes afirmam que a construção de uma estrada totalmente independente a Dutra, na região, pode ser um desperdício de recursos públicos.

Além disso, a própria Carvalho Pinto e a rodovia Ayrton Senna (antiga Trabalhadores, inaugurada em 1982), que formam o mesmo corredor, ficaram anos ociosas durante seus primeiros anos de uso. Isso ainda ocorre em determinadas regiões da via.

A conclusão dessas análises é que o investimento em métodos alternativos, como o ferroviário, poderia trazer mais resultados.

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