Coca-Cola vai eliminar fornecedores brasileiros ligados à grilagem de terra

Após denúncias de grilagens de terra associados a produtores de açúcar no Brasil e em outros cinco países, a Coca-Cola anunciou que vai cortar fornecedores que não seguem as diretrizes para proteger os direitos de propriedade das comunidades locais nos países em desenvolvimento. A declaração ocorreu depois que o relatório “Sugar Rush” (Corrida do açúcar, […]

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Após denúncias de grilagens de terra associados a produtores de açúcar no Brasil e em outros cinco países, a Coca-Cola anunciou que vai cortar fornecedores que não seguem as diretrizes para proteger os direitos de propriedade das comunidades locais nos países em desenvolvimento.

A declaração ocorreu depois que o relatório “Sugar Rush” (Corrida do açúcar, tradução livre), divulgado em outubro pela organização internacional Oxfam, apontou falta de transparência das gigantes de alimentos e bebidas em relação a conflitos de terras associados com seus fornecedores de açúcar, soja e produção de óleo de palma – inclusive no interior de Pernambuco.

Logo depois, a organização lançou uma campanha, que recolheu até o momento mais de 225 mil assinaturas, solicitando que empresas como a Coca-Cola, Pepsi e ABF atentem para sua cadeia produtiva. “Essas empresas exercem influência significativa sobre a indústria do açúcar, mas as suas políticas são tão negligentes que eles não parecem saber que o açúcar que utilizam em seus produtos é cultivado em terras apropriadas injustamente para o cultivo da cana de açúcar”;, diz o manifesto.

Responsabilidade

Além do Brasil, a corporação deve começar a avaliação dos seus fornecedores na Colômbia, Guatemala, Índia, nas Filipinas, na Tailândia e África do Sul, regiões de abastecimento críticos de açúcar para a empresa. Seis destes países foram identificados com as violações dos direitos humanos por parte do Departamento do Trabalho dos EUA.

As avaliações vão começar este ano com a Colômbia e Guatemala e cobrirá os outros 14 países até 2020. Em 2011, o comércio mundial de açúcar bruto foi de US$ 47 bilhões, desses U$ 33 bi são das exportações veio de países em desenvolvimento.A corporação informou que vai anunciar uma estratégia de tolerância zero, eliminando os fornecedores que não aderirem ao princípio de reconhecer e proteger os direitos das comunidades e povos tradicionais, por meio do consentimento livre, prévio e informado.

“Se um fornecedor não atender qualquer aspecto das exigências, a empresa Coca-Cola vai trabalhar ações corretivas com o fornecedor. Se tais medidas não forem tomadas, o relacionamento com o fornecedor será encerrado”, declarou.

A empresa de refrigerantes também se comprometeu a utilizar sua influência para incentivar outras empresas de alimentos e bebidas, os comerciantes – principalmente de óleo de soja, açúcar e palma -, bem como os governos a apoiar e implementar diretrizes voluntárias da ONU sobre a governança responsável da posse de terras, pescas e florestas.

No passado, a Coca-Cola foi acusada de secar poços de agricultores e destruir a agricultura local em busca de recursos hídricos para alimentar suas plantas. Houve disputas amargas particularmente na Índia. As operações da Coca-Cola necessitam de acesso a grandes reservas hídricas, já que se utilizam quase três litros de água para fazer um litro de Coca-Cola.

“A empresa Coca -Cola acredita que a grilagem de terras é inaceitável”, disse. “Nossa empresa não costuma comprar os ingredientes diretamente de fazendas, nem somos donos de fazendas de açúcar ou plantações, mas como um grande comprador de açúcar, nós reconhecemos a nossa responsabilidade de agir e usar a nossa influência para ajudar a proteger os direitos territoriais das comunidades locais”.

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