Cinebiografia americana mostrará ascensão de Pelé até conquista da Copa de 58

Final da Copa do Mundo de 1958: Pelé recebe a bola, tenta aplicar dois lençóis seguidos em jogadores suecos, mas é desarmado e cede um contra-ataque que termina em gol adversário. Em seguida, o Brasil conseguirá a virada, se tornará campeão mundial de futebol e consagrará um menino de 17 anos; mas, antes de isso […]

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Final da Copa do Mundo de 1958: Pelé recebe a bola, tenta aplicar dois lençóis seguidos em jogadores suecos, mas é desarmado e cede um contra-ataque que termina em gol adversário. Em seguida, o Brasil conseguirá a virada, se tornará campeão mundial de futebol e consagrará um menino de 17 anos; mas, antes de isso acontecer, o diretor entra em ação e corta a cena.

O que deveria ser o histórico Rasunda, na Suécia, é, na verdade, o estádio de Édson Passos, localizado em Mesquita, na região metropolitana do Rio de Janeiro. Ali, os irmãos Michael e Jeff Zimbalist filmam umas das principais sequências de “Pelé”, longa-metragem com produção americana que deve estrear nos cinemas antes da Copa do Mundo de 2014.

Em conversa com a Agência Efe, Michael Zimbalist contou que os produtores – entre eles o prestigiado Brian Grazier e o próprio Pelé – decidiram focar o filme em um período menos conhecido da vida de Edson Arantes do Nascimento, no caso desde a infância até o gol decisivo marcado na final da Copa de 58.

“Ele não era uma lenda ainda, apenas uma pessoa. Mas uma pessoa especial que, com apenas 17 anos, disputou uma Copa do Mundo e ganhou”, declarou Zimbalist.

“Nossa intenção é mostrar a importância dessa conquista para o Brasil, principalmente depois do Maracanazo. Queremos captar como Pelé, junto com Garrincha, e o seu ‘ginga style’ recuperaram o orgulho de ser brasileiro”, acrescentou o cineasta americano, que, junto com o irmão, dirigiu o elogiado documentário “The Two Escobars”.

Na última terça-feira, quando a Agência Efe acompanhou um dia de filmagens da produção que está sendo toda rodada no Rio de Janeiro, Pelé foi blindado pela direção e não pôde falar com os jornalistas. Na verdade, o ator Kevin de Paula, que interpreta o futuro “Rei do Futebol” dos 13 aos 17 anos. Na infância, o filho de Seu Dondinho será vivido por Leonardo Lima Carvalho.

Sem acesso à estrela da companhia, a Efe conversou com um “coadjuvante de luxo”: Garrincha, interpretado pelo ator Felipe Simas, que, antes de ser ator, era jogador de futebol e defendeu as categorias de base do Botafogo, clube que consagrou o “Anjo das Pernas Tortas”.

Felipe inicialmente fez um teste para viver José – o responsável pelo apelido de Pelé – a convite do irmão e também ator Rodrigo Simas, que tinha tentado o mesmo papel. E acabou “roubando” o papel do irmão, mas posteriormente o diretor optou por um ator estrangeiro, o mexicano Diego Boneta, e perguntou se Felipe aceitaria interpretar Garrincha.

“Disse que óbvio que sim. Foi fora do normal”, contou o ator que precisou fazer um permanente e imitar alguns trejeitos, como as pernas tortas, do craque. “O legal é que nós que interpretamos os jogadores acabamos formando um time de verdade. O clima ficou parecido com o que eu vivi nos clubes de futebol. Espero que a gente consiga passar isso pra telona”.

O filme, que ainda conta com Seu Jorge, vivendo Dondinho, o pai de Pelé, e Rodrigo Santoro, em um papel ainda não revelado, encontrou no humorista Fernando Caruso a pessoa ideal para viver Zito, o craque do Santos antes da chegada do futuro camisa 10 da seleção e que se transformou em uma espécie de mentor do jogador, mas sem nunca perder a chance pegar em seu pé.

“Era uma espécie de bullying do bem”, brincou Caruso, lembrando que, mesmo sem saber jogar futebol, pela primeira vez na carreira precisou se preparar fisicamente para um papel. “Além de fazer esteira e comer muita salada, li muita coisa sobre o Zito e pesquisei vários vídeos dos jogos no Youtube”.

Sobre a recepção do público brasileiro ao filme, quase todo falado em inglês, Caruso disse esperar que a língua não seja uma barreira. “As pessoas precisam saber que é um filme americano, mas que é feito com muito carinho. Normalmente nos filmes americanos somos representados por mexicanos e porto-riquenhos. Aqui é diferente. Tenho certeza que o público vai se sentir homenageado”.

O diretor Michael Zimbalist parece compartilhar da mesma esperança. “Acima de tudo essa é uma história universal. Mais que um filme sobre Pelé ou sobre o futebol, trata-se de uma carta de amor ao Brasil”, finalizou.

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