Cientistas podem estar a um passo de descobrir se Marte algum dia já ofereceu condições para vida

Novas imagens enviadas pela sonda da Nasa mostram poeira cinza diferente do tipo de rocha visto na superfície do planeta vermelho. Esta é a primeira vez que um veículo espacial perfura uma rocha fora da Terra. Em solo marciano desde agosto do ano passado, a sonda Curiosity revelou novas imagens que confirmam a extração bem-sucedida […]

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Novas imagens enviadas pela sonda da Nasa mostram poeira cinza diferente do tipo de rocha visto na superfície do planeta vermelho. Esta é a primeira vez que um veículo espacial perfura uma rocha fora da Terra.

Em solo marciano desde agosto do ano passado, a sonda Curiosity revelou novas imagens que confirmam a extração bem-sucedida de amostras do interior de uma antiga rocha marciana, potencialmente formada por água.

“Esta é a primeira vez que uma sonda de pesquisa consegue perfurar e retirar uma amostra de rocha em um planeta que não seja a Terra”, disse a cientista da Nasa Louise Jandura a jornalistas por teleconferência nesta quarta-feira (20/02).

A sonda espacial partiu da Terra com a missão de descobrir se já houve elementos para abrigar vida em Marte. Mesmo que a amostra ainda não tenha sido analisada, os cientistas da Nasa celebram o sucesso da sonda. “É um momento histórico”, completou a cientista.

Poeira rochosa

A Curiosity é uma estação geológica robótica que pousou no solo de Marte para uma missão de dois anos. No dia 8 de fevereiro, a sonda conseguiu, com seu braço mecânico, perfurar e extrair o equivalente a uma colher de chá de poeira rochosa, conforme mostram as imagens divulgadas na quarta-feira.

A broca utilizada foi o primeiro instrumento desse tipo a ser enviado a Marte. A perfuração foi feita em uma superfície rochosa lisa, com sulcos e cavidades, incluindo o que parece ser sulfato de cálcio. Na Terra, esse mineral se forma quando a água flui através de fraturas na rocha.

“Termos uma broca capaz de perfurar uma rocha em uma sonda espacial é um grande avanço. A amostra é como uma cápsula do tempo, com evidências sobre as condições de Marte há três ou quatro bilhões de anos”, explicou Jandura.

A amostra foi extraída a uma profundidade de cinco centímetros da superfície. A sonda vai agora peneirar e distribuir a poeira de rocha em porções para que os instrumentos analisem sua composição. O pó cinza é bem diferente da poeira vermelha da superfície do planeta.

“As rochas nesta área têm uma rica história geológica e podem nos dar informações sobre as múltiplas interações entre água e rocha”, disse Joel Hurowitz, cientista do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa.

Diferença de cor

A paisagem de Marte é formada por uma poeira rica em ferro, responsável pelas manchas vermelhas e alaranjadas. A poeira vermelha, onipresente em sua superfície, é resultado da oxidação da radiação ultravioleta do Sol.

A sonda Curiosity é do tamanho de um carro e pousou em uma antiga cratera perto da linha do equador de Marte, em agosto do ano passado. Depois do pouso, o robô de seis rodas se deslocou para um local que mostrava evidências da passagem de água.

Dependendo dos resultados da análise da rocha, os cientistas podem determinar se precisam cavar novamente ou começar a se mover em direção ao Monte Sharp, o destino final da sonda, já que imagens revelam intrigantes camadas em sua base.

A viagem ao Monte Sharp já foi adiada várias vezes, devido ao trabalho de verificação dos instrumentos da sonda, que levou mais tempo do que o esperado.

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