O último ranking sobre a qualidade da educação no mundo acaba de ser divulgado e mostra, mais uma vez, a superioridade chinesa. A avaliação da proficiência internacional de alunos em leitura, ciência e matemática revelou algo que tem sido alardeado com frequência: a constante presença da China nas primeiras posições de listas sobre os países com melhor sistema de ensino. Os estudantes chineses parecem estar reinando supremos sobre jovens de nações com escolas e professores considerados exemplares, enquanto europeus e americanos somam queda nas posições de indicadores devido à ascensão oriental.

O aparente declínio da educação ocidental, porém, pode não ser bem assim. Existe a suspeita de que a maior parte dos países analisados nesse tipo de lista pode estar sendo mal representada. A possibilidade foi levantada pela revista americana Time, que em seu site pede um “basta” ao que aponta como manipulação de dados por parte das autoridades chinesas. De acordo com a publicação, Pequim deveria providenciar dados nacionais para os organizadores dos rankings – e não apenas os resultados de uma minoria de estudantes de elite.

O Programa de Avaliação Internacional de Estudantes (Pisa) analisa o rendimento dos alunos de 15 anos em dezenas de países a cada três anos. Os estudantes asiáticos, especialmente os de Xangai – em primeiro lugar – e Hong Kong – em terceiro lugar -, na China, tiveram os melhores resultados do mundo. O país, aliás, é o único não listado no documento da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômicos (OCDE) como uma só nação, ao contrário do que acontece com Estados Unidos, Rússia, Brasil e outras países com vasto território, todos julgados com base em toda a sua área.

Dentro da China, Xangai, Hong Kong (uma região autônoma que envia seus próprios dados) e Macau não compartilham seus resultados sob um só nome. De acordo com a Time, estudantes xangaienses e honcongueses são melhor educados que aqueles de outras partes da China. Outro site americano, o Slate, ouviu um especialista que afirmou: “cerca de 84% dos formandos em escolas de ensino médio em Xangai chegam à universidade, contra 24% em escala nacional”. O restante da população, portanto, não estaria sendo representado.

Assim, a revista afirma que a China, ao não fornecer dados nacionais completos, estaria trapaceando os rankings. Os resultados dos testes, que atualmente parecem representar a educação em todo o país, não passariam de uma avaliação da educação em regiões separadas – sem contemplar o todo.