O Ministro das Relações Exteriores do Irã e principal negociador nuclear do país foi hospitalizado com dores, segundo ele, provocadas por uma reportagem de um jornal linha-dura afirmando que ele considerou um erro a conversa por telefonema do presidente iraniano, Hassan Rouhani, com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama.

A breve hospitalização de Mohammad Javad Zarif é um sinal do possível rancor dentro do Irã sobre a velocidade e a extensão com que a República Islâmica tenta resolver suas muitas disputas com o Ocidente e os Estados Unidos, em particular.

Zarif vai liderar a equipe de negociação do país nas conversas com seis potências mundiais em Genebra na próxima semana, a primeira rodada de negociações desde a eleição de Rouhani, em junho, que deu nova esperança de solução para um impasse de uma década sobre o programa nuclear iraniano.

O presidente do Parlamento iraniano e ex-negociador nuclear, Ali Larijani, descreveu as conversações como uma “janela de oportunidade”, dizendo a repórteres, em Genebra, que os dois lados devem se concentrar na construção de confiança.

Rouhani, relativamente moderado, e Zarif, que estudou nos EUA, lideraram uma campanha diplomática para dissipar a desconfiança a respeito das intenções do Irã na ONU, no mês passado. A viagem culminou com o primeiro telefonema entre os presidentes do Irã e dos Estados Unidos desde a Revolução Islâmica de 1979.

O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, muitas vezes visto como um linha-dura, apoiou a abertura diplomática de Rouhani, mas disse que algumas medidas eram “inadequadas” –numa possível referência ao telefonema– dando aos críticos do presidente uma oportunidade de alfinetar a iniciativa.

O jornal linha-dura Kayhan afirmou na terça-feira que Zarif disse numa sessão a portas fechadas do comitê de segurança nacional e política externa do Parlamento que a conversa de Rouhani com Obama tinha sido um erro, pois teve a mesma profundidade do próprio encontro privado de Zarif com o secretário de Estado dos EUA, John Kerry.

Zarif negou veementemente ter dito isso, e afirmou que a reportagem prejudicou sua saúde.

“Esta manhã, depois de ver a manchete de um jornal, senti fortes dores na perna e nas costas. Eu não conseguia nem andar ou sentar”, escreveu ele em sua página no Facebook, na noite de terça-feira. Zarif cancelou uma série de eventos.