Casal confessa tortura de criança, mas faz jogo de empurra sobre autoria
Durante primeira audiência do caso, defesa de Washington, tio da criança, vai afirmar que o réu não torturava o sobrinho. Alessandra, a tia do menino, alega que o esposo participava das agressões
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Durante primeira audiência do caso, defesa de Washington, tio da criança, vai afirmar que o réu não torturava o sobrinho. Alessandra, a tia do menino, alega que o esposo participava das agressões
O casal Washington Duarte, 35 anos, e Alessandra Moraes, 29 anos, admitiu que o sobrinho de sete anos sofria maus tratos e era torturado durante os oito meses em que viveu com os tios, em uma casa no bairro Nova Lima, em Campo Grande.
O crime foi descoberto em fevereiro deste ano, quando a Depca (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e o Adolescente) constatou que o menino vivia em um canil, junto com dois cachorros, era proibido de entrar na casa e tinha várias fraturas no maxilar, costela, mãos e até mesmo em seu órgão genital.
A primeira audiência para ouvir Washington e Alessandra, além das testemunhas de defesa e acusação aconteceu hoje (20), na 2ª Vara Criminal do juizado de Campo Grande.
Existe uma divergência entre as teses apresentadas pelos advogados de defesa. Segundo o advogado de Alessandra, Marcos Ivan da Silva, sua cliente afirma que o marido participava da tortura do menor.
Já Seumen Dallou, advogado de Washington, defenderá a tese de que o tio apenas “se omitiu” ao saber dos atos da esposa, mas não praticou nenhuma agressão contra a criança.
Uma das testemunhas afirmou que o menino era agredido por ambos. “Ele tinha fugido de casa, porque não aguentava mais apanhar dos tios. No começo, não queria me contar o que tinha acontecido, mas, levei ele para minha casa, conversei, e ele disse que quem batia mais era a tia, mas que o tio também participava das agressões”, explica. A testemunha conta que sua mãe morava no Nova Lima, próximo da casa dos tios da criança, mas não convivia com eles.
Defesa vai pedir revogação da prisão dos acusados
Silva, advogado de Alessandra, afirma que pedirá habeas corpus com base na alegação de que sua cliente é mentalmente instável. “Em um dos primeiros encontros que tive com ela, o problema era notável. Apesar da gravidade dos fatos, no meio da conversa, ela soltou a pergunta ‘Tem circo na cidade?’”, conta o advogado. Segundo ele, um laudo pericial que indique o problema psíquico já foi solicitado, mas Alessandra nunca foi consultada por um especialista.
Já a defesa de Washington pretende alegar que ele não pode ser condenado pelo crime de tortura, já que não participou dos atos. “Meu cliente trabalhava todos os dias, das 7 às 17 horas, e as agressões aconteciam enquanto ele estava fora de casa”, afirma Dalloul.
Ele pedirá que a acusação por tortura seja retirada. “Ele pode ser condenado por omissão”, acrescenta. Nesse caso, a pena de Washington seria reduzida para um sexto da pena imposta a Alessandra, explica o advogado. “Confio nos elementos que tenho para provar a inocência do meu cliente, que serão apresentados em um momento oportuno, já que o processo corre em segredo de justiça”, reitera.
Outra testemunha, desta vez do tio da criança, pretende afirmar na audiência que Washington convivia com seus quatro netos – que têm entre quatro e 15 anos – e que ele nunca apresentou comportamento agressivo. “Ele é irmão do meu genro. Sempre ia na nossa casa, brincava com as crianças e era muito carinhoso e amigável”, conta.
Alessandra e Wellington, que aguardam julgamento no presídio feminino e na penitenciária de segurança máxima, respectivamente, foram escoltados até o Fórum para participar da audiência.
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