Um cartaz com a imagem de uma vaca vestida com trajes femininos para promover uma festa do curso de veterinária da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) causou polêmica na instituição de ensino. A peça, afixada em locais de grande circulação de pessoas na universidade, foi considerada machista por alguns estudantes.

A festa, que segundo os organizadores seria realizada no dia 8 deste mês, é intitulada de “calourada do abate”, mas, depois de o assunto ganhar repercussão, a figura da vaca foi trocada, bem como o dia da “calourada”, remarcada para o dia 9.

Em uma página no Facebook que reúne reclamações de internautas, intitulada “Spotted UFMG – VFS”, pessoas se mostraram contrárias ao mote do cartaz e, outras, postaram-se a favor e minimizaram as críticas de machismo depois de a foto do cartaz ter sido veiculada na página.

O autor da mensagem, que a inseriu a foto na página do Facebook no dia 1º deste mês, reclamou do cartaz: “Hoje andando pelo campus, me deparo com essa demonstração de machismo e especismo em forma de cartaz (….). Muita infelicidade para pouco papel. Fica aqui meu ato de repúdio”.

Por sua vez, o DA (Diretório Acadêmico) Professor Alberto Monteiro Wilwerth emitiu nota na sua página no facebook contemporizando o assunto, mas admitindo a polêmica criada em torno do cartaz.

“O Diretório Acadêmico Prof. Alberto Monteiro Wilwerth, vem por meio dessa esclarecer as recentes polêmicas em torno da arte do cartaz da Calourada do Abate. Em nenhum momento foi feita a arte com conotações machistas, a ideia sempre foi fazer uma brincadeira com as propagandas da marca Friboi dando a entender que nossa festa tem certificado de qualidade por ser uma das melhores da UFMG”, diz o informe.

Os responsáveis pelo DA ainda informaram que os cursos da área são compostos por “mulheres em sua maioria”, e que tudo não passou de uma “brincadeira”.

“Nossa intenção sempre foi fazer uma brincadeira com as recentes propagandas da Friboi (estreladas pelo ator Tony Ramos) e não ofender as mulheres”. O texto finaliza com um pedido de desculpas, “se a imagem foi ofensiva para algumas pessoas”.

Festa não seria realizada dentro da universidade

O diretor da escola de veterinária da UFMG, José Aurélio Bergmann, disse que a universidade repudia atos discriminatórios e afirmou que a festa é promovida pelo Diretório Acadêmico. Segundo ele, o DA é uma entidade jurídica distinta do curso de veterinária da universidade.

“Inicialmente, quero deixar bem claro que eu pessoalmente, e a universidade como um todo, não apoiamos nem damos guarida a qualquer tipo de ação de conotação discriminatória”, afirmou. Segundo ele, a festa não é institucional nem será realizada dentro das dependências da universidade.

“A universidade não tem jurisprudência sobre esse tipo de ação”, declarou. O dirigente disse ter sido informado que os responsáveis pelo DA se retrataram.

“Eu os conheço. É um grupo de pessoas de boa formação. Eles não tiverem nenhuma intenção machista ou sexista na veiculação da festa. Tanto é que eles se retrataram publicamente e retiraram os cartazes”, afirmou.

Questionado sobre qual seria a sua opinião sobre o cartaz com a vaca, o dirigente preferiu dizer que se ateve a verificar se havia alguma informação institucional nele.

“Sobre a arte do cartaz, eu não me ative. Eu busquei no cartaz qualquer conotação que ligasse o evento oficialmente à universidade, mas não tem”, respondeu.