Câmara lota e movimentos sociais admitem: há pessoas que nem sabem porquê estão lá

Com aparato policial atípico, sessão da Câmara tem plenário cheio e telão no estacionamento para ‘torcidas’ acompanharem votação que deve abrir comissão processante contra Bernal.

Cerca de meia hora após a abertura das portas, o plenário da Câmara de Campo Grande já está lotado para acompanhar a sessão desta terça-feira (15), que deve instaurar a Comissão Processante contra o prefeito Alcides Bernal (PP). Alguns dos presentes admitiram à reportagem que nem sabem o que estão fazendo por lá, apenas foram “convocadas”.

“A população em geral de Campo Grande não tem noção da situação. Talvez tenha sim um ou outro aqui que não sabia, mas nós temos nossas reuniões e mobilizações em que tudo é explicado. O MST faz parte da CUT, mas todos são independentes”, tentou explicar Genilson.

Nas últimas sessões vários indícios como este apontam que há pessoas no local servindo apenas como massa de manobra. O caso foi parar na polícia, que agora investiga os envolvidos, que podem até responder por formação de quadrilha.

Segundo o delegado Wellington Oliveira, que conduz o inquérito, caso se confirme que pessoas estão sendo recrutadas para lotar a Câmara como uma ‘torcida organizada’ para o prefeito, desconfigura-se o perfil de protesto e manifestação democrática, que são direitos assegurados pela Constituição e reafirma os indícios.

Com a lotação do plenário as pessoas que continuam a chegar na Câmara vão acompanhar a sessão pelo lado de fora, já que no estacionamento foi montado um telão. Dentro da Casa de Leis estão sendo instaladas câmeras de segurança neste momento.

A Comissão Processante que deve ser votada hoje será composta por três membros, que serão sorteados entre os partidos que tem mais representantes. A Procuradoria da Casa emitiu parecer favorável pela formação da Comissão.